Sem noção, senador toma atitude que pode iniciar grave incidente internacional entre Brasil e países árabes

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O senador Renan Calheiros (PMDB/AL) vai chamar o embaixador da Arábia Saudita para prestar um depoimento à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, a qual, vejam só, ele acabou de assumir como presidente.

O objetivo, segundo o político alagoano é ‘esclarecer’ o caso dos presentes entregues a Jair Bolsonaro, entre eles as jóias que foram retidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em outubro de 2021, quando entravam no país pela comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque.

“Queremos botar um foco nessa questão e fazer o que for recomendável. O ideal é que seja uma audiência pública. Eu vou olhar atentamente para que essa providência seja apresentada… Dentro do limite de competência desta comissão, vamos botar uma lupa sobre esse assunto e ajudar a esclarecer as dúvidas.”, disse calheiros em entrevista ao jornal O Estado de SP.

Renan quer colher o depoimento do embaixador do Reino da Arábia Saudita no Brasil, Faisal bin Ibrahim Ghulam, que assumiu o cargo em dezembro do ano passado.

Uma atitude perigosa que pode inclusive ser ofensiva, do ponto de vista do representante estrangeiro, pois a depender do que for questionado e do tratamento que Ibrahim Ghulam vier a receber, podemos estar diante de um incidente internacional e que envolverá outras nações do Oriente Médio.

Afinal, é conhecido o autoritarismo, a falta de trato e de respeito de Calheiros, quando sente-se contrariado em audiências ou aparições públicas.

Há muito mais em jogo do que a simples averiguação de um presente que jamais chegou às mãos de Bolsonaro (diferente dos 11 contêineres de presentes que Lula reconheceu ter recebido).

Segundo levantamento da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, a exportações do Brasil para os países árabes, teve alta de 62%, considerando apenas os dados entre janeiro e junho de 2022. Os árabes compraram US$ 8,3 bilhões em produtos do Brasil, em uma lista que sequer incluiu outros países de maioria muçulmana, como Irã e Turquia.

No caso de Israel, por exemplo, o aumento das exportações bateu o impressionante recorde de 596% entre 2019 e 2022, sob o governo de Jair Bolsonaro.

Resultado de um trabalho de excelência, tanto no campo quanto na indústria, em que os empresários tiveram que fazer uma série de adaptações para atender às exigências e demandas dos países árabes.

A preocupação em manter 'abertas' estas vias de comércio é tão grande que Bolsonaro determinou, ainda em 2019, a abertura de um escritório da Apex na cidade de Jerusalém, em Israel. O órgão já tinha outros 8, sendo 2 na China. Há também escritórios em Dubai (Emirados Árabes) para atender a demanda dos países árabes, e na Índia.

Renan parece ter uma rara predisposição para, com sua arrogância e falta de noção, destruir trabalhos que levaram anos para serem feitos.

Um absurdo!

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