A origem do Comando Vermelho e a sua ligação com os políticos de extrema esquerda

18/03/2023 às 12:00 Ler na área do assinante

O marco teórico do surgimento do crime organizado é identificado no convívio de presos políticos com outros criminosos, nos final das décadas de 1960 e início da de 1970. O Comando Vermelho surgiu nessa época, a partir do aprendizado de técnicas e modus operandi ensinados pelos presos políticos, detentores de conhecimento técnico e liderança.

O Pequeno Manual do Guerrilheiro Urbano de Carlos Marighella, Guerra de Guerrilhas de Ernesto Che Chevara, entre outros, influenciou nessa formação, ao servir como roteiro de metodologia a ser seguida e proporcionar uma relação de publicações a serem lidas pelos guerrilheiros.

A organização nasceu com conotação política e designava-se “Falange Vermelha” tendo como lema “Paz, Justiça e Liberdade”. Os presos comuns haviam se politizado.

Em 2002, o estatuto do Comando Vermelho foi oficializado.

O parágrafo 13 diz o seguinte:

“Que fique bem lembrado que o comando vermelho nasceu na Ilha Grande nos anos de 1969, quando o país passava por uma crise, em anos de ditadura militar”.

Hoje, a principal facção criminosa brasileira é o PCC (Primeiro Comando da Capital), que contava até 2020 com pelo menos 33 mil membros, segundo investigações da PF (Polícia Federal) e do Ministério Público de São Paulo.

A origem.

O Primeiro Comando da Capital (PCC), fundado no ano de 1993, resulta da luta contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração “anexo” à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté. Tem como tema absoluto a “Liberdade, a Justiça e a Paz” e estreita ligação ideológica e estrutural com o Comando Vermelho, pois ambos surgiram da necessidade de lutar por melhores condições nas cadeias.

Usando a mesma linguagem da guerrilha – irmão, coletivo, partido, Campo de Concentração – forma-se uma nova organização criminosa. Numa comparação com o estatuto do CV, as diretrizes e anseios são quase os mesmos.

Chama atenção o parágrafo 16 do estatuto do PCC, que diz o seguinte:

“O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando (PCC) se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos a nível estadual e a médio e longo prazo nos consolidaremos a nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho – CV e PCC iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror ‘dos Poderosos’ opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangu I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros”.

Carlos Arouck

Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.

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