O áudio completo da coletiva do caso Alceu Bueno. Uma afronta à sociedade (Ouça)
30/12/2016 às 03:04 Ler na área do assinanteNão merece nenhum crédito o resultado das investigações sobre o caso ‘Alceu Bueno’, apresentado pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (29).
Na realidade o que o grupo de delegados fez, trata-se de um absoluto desrespeito à sociedade, aos homens e mulheres de bem, uma verdadeira e desqualificada afronta, uma encenação barata e inescrupulosa.
A ‘historinha’ contada é de uma mediocridade estratosférica, uma aberração, repleta de contradições.
O áudio completo está no final da matéria, tem cerca de trinta minutos de duração. Quem tiver paciência de ouvir, constatará a veracidade do que estamos dizendo. A conversa da polícia é verdadeiramente inacreditável, cheia de furos e com excessos de ‘certeza’, na tentativa de impor uma verdade. O que parece que a princípio deu certo, pois toda a imprensa divulgou em seguida que o caso estava esclarecido. Quanta mediocridade!
É uma avassaladora operação ‘abafa’, visando notadamente proteger vereadores, deputados e empresários envolvidos no ‘Escândalo de Pedofilia’ descoberto em Campo Grande.
O delegado que conduziu a coletiva – encarregado de contar para os jornalistas uma fantástica história – foi bizarro e relatou inúmeras situações que realmente não merecem a mínima credibilidade. Vamos comentar algumas, as mais absurdas.
1 – Bueno começou a mandar mensagens para Katia num grupo de namoro no WhatsApp. Ela não gostava dele, afirma o delegado, que diz também que até então ela não o conhecia. Ou seja, mesmo sem conhecê-lo, a moça já não gostava do ex-vereador. Totalmente sem sentido.
2 – Envolvido em inúmeros escândalos, o ex-vereador foi assassinado em função de um acesso de ciúmes de um tal Elpídio, namorado de Kátia, uma ‘baranga’ de qualidade estética sofrível. Para um sujeito como Bueno, envolvido em crime de pedofilia, foi uma mudança de gosto muito radical. Duro de acreditar.
3 – Num crime de latrocínio, queimaram o corpo com um celular de última geração no bolso da vítima, carteira e relógio.
4 – O trio atraiu Bueno, em sua reluzente Land Rover, para ser assassinado na casa de Kátia. Fica parecendo que fizeram de tudo para chamar atenção. Conta outra!
5 – As armas do crime premeditado: um martelo e uma tábua de bater carne.
6 - No martelo e em um papelão guardados na casa de Kátia foi encontrado sangue humano, segundo o delegado. Porém, os objetos estão ainda sendo periciados. Como esse delegado pode afirmar se tratar de sangue humano?
7 – No dia do crime, um casal (Elpídio e Kátia) teria oferecido o veículo a receptadores paraguaios, mas não conseguiu vende-lo. É a primeira vez na história que um veículo de luxo (Land Rover), roubado no Brasil, não consegue ser negociado no país vizinho. Difícil de acreditar.
8 – Como não conseguiram vender a Land Rover, botaram fogo. Lucro do crime: Zero. Bandidos trapalhões.
9 – As tais mensagens de WhatsApp – única comprovação da tese de que o ciúmes motivou o crime – não foram encontradas, nem recuperadas.
E as sandices:
Katia dirigiu o carro com o corpo de Bueno, porque o parceiro não tinha habilitação.
Segundo o delegado, não há nenhuma contradição nos depoimentos, são iguais, ‘lineares’. Ora, tudo combinado. Parece óbvio. Aliás, ninguém relutou em confessar. Bandidos trapalhões e ‘obedientes’.
E pra encerrar, a partir de uma ‘luz’ a polícia conseguiu materializar a participação do trio no crime.
Por oportuno, vale acrescentar que o delegado, respondendo a pergunta de um repórter do Jornal da Cidade, disse que não participou da investigação do 'Escândalo de Pedofilia'. E dai? Tinha a obrigação de ter conhecimento e estudado o caso. Ou, talvez, tenha sido forçado a ignorar, o que parece mais plausível.
Assim, a história da polícia não se sustenta. Parece evidente que tem gente graúda envolvida. A história de que o celular de Bueno ficou imprestável para perícia é ridícula. E quanto ao HD do celular?
Resta saber quem são as autoridades, os políticos e empresários que estão sendo protegidos.
Tudo muito lamentável.
Lívia Martins
liviamartins.jornaldacidade@gmail.com