No Natal há, sim, rojões, comilanças pantagruélicas, falsidades. Há, no entanto, verdades sutis, anônimas, às vezes imperceptíveis. Elas nos revelam. Nos provocam. E quando as descobrimos, de cara já aprendemos e tirar o amargor da mente e do fígado.
Surpreendemo-nos quando levanta-se de nós a ousadia de acreditar no ser humano que somos e no ser humano que é o próximo. Iguais - somos todos iguais, qualquer seja a densidade de nosotros diante do espelho mais crítico que possamos içar até os olhos de nossa consciência.
Derramam-se dentro de nós e ao nosso redor a nostalgia e a dor sem tamanho de saudades incontornáveis, enlaçadas na ausência de entes queridos que partiram ou que de há muito não sabemos. Fim-de-ano é estação de nostalgia, queiramos ou não. Porque a dor e a alegria, celebradas em comunhão, redefinem-se nos seus tamanhos e contemplações, convertem-se em conteúdo que ensina, sereniza, eleva.
É possível aquietar a dor pelas ausências e potencializar a alegria pelas convivências. A presença deixa de ser um mero apelo físico e explode na imensidade cósmica que nos faz tão pequenos e tão imensuráveis, provados na humildade de um sorriso sem enfeites.
O nascimento de Jesus não precisa ser celebrado como se a boa nova estivesse na fartura de um convescote efêmero. O nascimento de Jesus não pode estar circunscrito ao calendário exclusivo dos cristãos. Jesus, o Grande, é. Além do tempo. Além do mistério. Além das respostas.
A criação do Senhor é que tem a vida nascida na manjedoura, embora queiramos algumas vezes conceber-nos num leito doirado de ostentação. Somos o estábulo, mas às vezes posamos com a soberba imperial de nossos palácios de vaidade.
Que a nossa fragilidade e nossas contradições não turvem nossos olhos, não embotem a nossa inteligência e não amesquinham o nosso instinto certeiro da fé e da esperança. Porque o mundo é para ser bom, se prevalecer a bondade. Para ser justo, se prevalecer a justiça. Para ser dos livres e da claridade, enquanto tivermos coragem e brio para denunciar e rechaçar os grilhões e a escuridão.
Você e família merecem que este Natal, redivivo no amor, projete a certeza de um ano novo efetivamente novo, profícuo, pleno de conquistas e energias para enfrentar e vencer os obstáculos. Convivência fraterna e respeitosa sempre! Liberdade sempre! Amor e fé sempre!
Edson Moraes
da Redação