Sob o comando do ex-presidiário, viveremos a volta a um passado de fracassos

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"Quando também se leva em conta o currículo de honestidade petista, fica mais forte a sensação de que não é a história que se repete como farsa, mas a de que é a farsa que se repete como história."

A frase é do colunista do portal Metrópoles, Mario Sabino.

Tudo bem que eles esperaram passar as eleições para lembrar a "(des)honestidade petista", mas já significa muito.

Lula toma posse muito enfraquecido. Em parte, pela sua falta de credibilidade, mas também pelas suas declarações desastrosas. Ele chegou a dizer durante seu discurso de posse no congresso que “uma estupidez chamada teto de gastos que haveremos de revogar”.

Na verdade, a única estupidez foi a sua declaração.

O texto do Metrópoles ressalta a sanha de Lula em aparelhar (novamente) a máquina estatal de forma ainda mais abrangente que nas administrações petistas anteriores.

Outra prova cristalina desse método lulo-petista é a criação e distribuição de ministérios de forma absolutamente fisiológica. A ojeriza de Lula com o ‘teto de gastos’ é sua falta de identidade com os contrapesos da democracia. Ele almeja poder absoluto como seus pares Nicolas Maduro, Daniel Ortega ou seu admirado PC chinês. O único problema é que toda sua inspiração vem de ditaduras, então ou a democracia brasileira se curva à Lula ou irá expurga-lo como já fez com outra petista, Dilma, recentemente.

Lula entende que o Brasil é patrimônio do PT e como ele é o ‘poderoso chefão’ do partido então ele manda em tudo, sem direito à contestação.

A maior prova disso é que um dia após assumir o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad, já fala sozinho – o empresariado e o mercado já entenderam que as questões da economia serão decididas por Lula e as dúvidas serão esclarecidas pela presidente do PT, Gleisi Hoffman. À Haddad,  caberá o papel de sempre, o de poste.

Desde que a vitória eleitoral lhes foi anunciada, eles se comportam com arrogância e mostram a disposição de sempre de aparelhar a máquina estatal de alto a baixo. Que ninguém se engane com o arco de alianças que loteou os ministérios ou com os discursos que aparentam gentileza e abertura para outros pontos de vista. Lula e o PT acreditam que o Brasil lhes pertence de direito, dentro do seu projeto partidário-patrimonialista fundado no assistencialismo e decorado por um esquerdismo ora choroso, ora raivoso.
Que os próximos quatro anos nos sejam leves. O máximo que pode acontecer de bom para o país é nada. Esperemos nada.
Com o inestimável auxílio de Jair Bolsonaro, o golpista fujão, o Brasil oficializa hoje um retrocesso de 20 anos. Teremos o mesmo presidente que tomou posse duas décadas atrás, com as mesmas ideias retrógradas e com o mesmo partido disposto a instrumentalizar a democracia para perpetuar-se no poder. Escolheu-se viver sem esperar nada sob a esquerda do que se enervar continuamente sob a direita. A frase é da escritora francesa Annie Ernaux, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura. Está no livro Les Années (Os Anos) e se refere à reeleição do socialista François Mitterrand. Guardadas as devidas diferenças de latitude, essa foi a circunstância que levou Lula a ter um terceiro mandato presidencial, visto que boa parte dos cidadãos que votou no petista o fez por falta de opção. Se a juntarmos com a metade que o rejeitou completamente nas urnas, teremos uma maioria que oscila entre a resignação e o total descontentamento. 
Se Lula e o PT tivessem juízo, eles não perderiam esse fato de vista. Mas juízo não é o forte entre os petistas. 
Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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