Lembra o papo de ‘vencer o genocida’ ou ‘votar na democracia’? Tudo conversa, o que eles querem são cargos e a chave do cofre!
25/12/2022 às 11:17 Ler na área do assinanteDurante toda a campanha o ex-presidiário evitou falar sobre plano de governo ou até sinalizar seu ministro da Economia. Claro se ele o fizesse perderia o apoio de boa parte dos eleitores isentões e de lideranças de centro como Simone Tebet.
Lula só prometia uma coisa, as lideranças que me apoiarem terão cargos e ministérios. Agora até isso está difícil de cumprir – e olha que ele criou mais 15 ministérios.
Vinte e cinco dias depois da eleição e de já ter anunciado mais da metade dos ministros, o petista não indicou quais planos reserva para duas legendas aliadas: PDT e PSOL, este último parte integrante da sua coligação desde o primeiro turno.
Nesse período, o presidente eleito acomodou correligionários do PT em sete pastas, contemplou outras siglas do seu campo ideológico, como PSB e PCdoB e agora negocia espaços com partidos do Centrão, como o União Brasil. O calendário adotado até aqui já começou a gerar incômodos.
Ao PSOL, aliado de uma fidelidade canina, deve sobrar o minúsculo Ministério dos Povos Indígenas (mais uma invenção do PT para atrapalhar a vida do brasileiro). A indicada seria a indígena, Sonia Guajajara, recém-eleita deputada federal por SP, ela se diz ecossocialista do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), uma nova vertente da esquerda.
A solução do PT para os novos ‘ecossocilialistas’ é a mesma do século passado: mais cargos, mais burocracia e mais impostos – afinal alguém tem que pagar a conta e, como sempre, seremos nós que pagaremos.
Na opinião do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), Lula também já deveria ter oficializado Marina Silva como ministra do Meio Ambiente e, de modo geral, olhado com mais atenção para partidos de esquerda.
O fato de Lula já ter agraciado o PCdoB com um ministério, ao anunciar Luciana Santos para a Ciência e Tecnologia e o PSB com o inacreditável Ministério dos Portos e Aeroportos não foi bem recebido entre personagens de partidos de esquerda que ainda esperam ser contemplados.
O PDT partido de Ciro Gomes também ainda não foi contemplado – justo Ciro que deu a melhor definição de Lula nessa campanha ao chama-lo de ‘encantador de serpentes’. O presidente do PDT, Carlos Lupi, evita falar em insatisfação. Ele é cauteloso ao analisar a possibilidade de ocupar cargos na Esplanada a partir do mês que vem.
- Estamos aguardando a palavra do presidente Lula. Naturalmente, ele acomodou quem o apoiou no primeiro turno, desde a primeira hora. Não temos direito de exigir, nos cabe aguardar o que ele propõe — despista.
Marina Silva, do REDE, é outra que está na fila por uma boquinha. Parece que ela barrou a indicação de Simone Tebet para ser titular do Ministério do Meio Ambiente. Marina estava advogando em causa própria já que ela mesma prende ocupar a vaga.
Os planos de Marina para o Meio Ambiente são os tradicionais da esquerda: atrapalhar o agronegócio, defender os interesses de nossos concorrentes (como França e EUA), liberar a entrada de ONGs estrangeiras e gringos em geral na Amazônia, fugir de pautas difíceis do setor ambiental como saneamento básico e limpeza de nosso litoral (porque isso dá muito trabalho) e viajar muito ao exterior para receber medalhinhas e diplomas dos mesmos países que pilham a Amazônia.
Na última quinta-feira, Lula anunciou mais 16 ministros do seu futuro governo. Até agora, há 21 nomes do primeiro escalão já conhecidos. Pelo planejamento anunciado pelo grupo de transição, restam 16 vagas para formar o primeiro escalão. Nos próximos dias, o petista deve intensificar as conversas com agremiações de centro, como União Brasil, MDB e PSD.
Os ministérios são distribuídos sem nenhum critério técnico, para Lula são simples instrumentos de barganha para captar apoio das legendas, tanto que alguns ministros nomeados têm mais de duas centenas de processos em andamento.
A probidade, a impessoalidade e competência – são conceitos que Lula ignora olimpicamente.
Eduardo Negrão
Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.