Quem conhece a trágica 2ª. Guerra da Mundial, que provocou uma grande mortandade na humanidade, sabe que esta tragédia foi o resultado da evolução da política expansionista do nazi-fascismo, tendo como líder máximo Adolf Hitler. Mas, é bom que se diga, ele não estava sozinho nesta louca aventura. Entre muitos, não posso deixar de citar um dos teóricos da loucura nazista, o ministro de sua propaganda, Joseph Goebbels. Entre os seus ensinamentos, dizia que de tanto se repetir uma mentira ela acaba se transformando em verdade. Mesmo depois de dezenas de anos após o término da guerra, a utilização deste engodo, infelizmente, ainda funciona.
Nas eleições presidenciais de 2014 o recurso da mentira como estratégia de campanha para ludibriar a opinião pública ocorreu de todos os lados partidários. As mentiras e notícias falsas nas redes sociais foram largamente usadas sem qualquer pudor ou respeito com a verdade. Dois anos depois, ainda é possível perceber que essa manipulação causou muito prejuízo para a democracia, com sequelas que disseminam de ódio e rancor, rancores e brigas entre as famílias e os amigos. Foi surpreendente observar que isso ocorreu também nas recentes eleições presidenciais nos EUA, com uma campanha onde a mentira foi utilizada exaustivamente acirrando a luta entre candidatos adversários. Como se vê, as maléficas sementes espalhadas por Goebbels continuam florescendo.
Desde as eleições de 2014, não me conformava com mensagens absurdas postadas, muitas delas visivelmente forjadas. Ficava a pensar, será que ninguém percebia o perigo desses descaminhos? Desse modo, em nenhum momento entrei nessas celeumas, que ainda persistem nas redes da internet. Agora, acabo de ler sobre os resultados recentemente divulgados de uma pesquisa promovida pela a Universidade Stanford (Folha de S. Paulo, 24.11.2016), sobre notícias falsas e verdadeiras nas redes sociais. Percebe-se que consultores jovens das redes sociais não tiveram discernimento para perceber, ou não, a veracidade das informações então divulgadas. Neste quadro incluo informações políticas de má fé e falsas propagandas que iludiram os incautos eleitores. Sou frontalmente contra a censura, mas creio deve haver muito cuidado nesses tempos de acirramento político e de crise dos regimes democráticos. É necessário filtrar com cuidado e espírito crítico toda informação que chega até nós, especialmente pela internet.
Com isso, o termo agora cunhado com muita força, é a “pós-verdade”, que nada mais é do que uma nova maneira de nominar a velha mentira. Até o dicionário Oxford já a definiu como a palavra mais importante de 2016. Isso encontra um campo propício nas ondas incontroláveis das redes sociais. O que ocorreu na guerra entre Aécio versus Dilma ficou nos limites da sociedade brasileira, apesar de que muitos políticos irresponsáveis tentarem extrapolá-la em escalas internacionais. Porém, foi com a guerra Hillary X Trump que a pós-verdade se universalizou.
Mas, como tudo que é imposto como verdadeiro se dissolve e se revela com o tempo, confio que prevaleça, mediante os estudos e pesquisas dos historiadores, o resgate da verdade, colocando os fatos nos seus devidos lugares, e desmascarando a mentira e aqueles que se locupletaram com ela. Nunca ninguém conseguiu enganar todos todo o tempo, pois, como diziam nossas mães, a mentira tem pernas curtas.
Valmir Batista Corrêa
Valmir Batista Corrêa
É professor titular aposentado de História do Brasil da UFMS, com mestrado e doutorado pela USP. Pesquisador de História Regional, tem uma vasta produção historiográfica. É sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de MT, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de MS e membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.