Com inacreditável desempenho, Ron DeSantis ultrapassa seu líder, Donald Trump, e avança como favorito nos EUA

21/12/2022 às 18:08 Ler na área do assinante

Ron DeSantis é (guardadas as devidas proporções) uma espécie de Tarcísio de Freitas do partido Republicano. De Santis é eleitor e aliado do ex-presidente Donald Trump, além de correligionário. Trump é ex-presidente dos EUA e ainda muito popular.

De Santis (a exemplo de Tarcísio) é mais discreto e pragmático, também é um bom gestor e se comunica melhor com o mercado.

Por outro lado, Trump e Bolsonaro tiveram desvantagens em comum: foram perseguidos implacavelmente pela grande mídia – quase sempre de forma desleal – por outro lado não souberam montar uma equipe para articulação politica no Congresso e não contrataram profissionais de comunicação preparados para guerra que viria.

Enquanto isso nos Estados Unidos, quanto mais a estrela de Ron De Santis sobe, mais calado ele fica. E, se continuar como indicam pesquisas mais recentes, a tática correta de não falar nada antes da hora sobre ambições presidenciais vai acabar reduzindo-o ao silêncio total.

A última, do Wall Street Journal, confirmou uma tendência quase inacreditável. Entre eleitores que pretendem votar nas primárias do Partido Republicano, 52% escolhem De Santis contra 38% favoráveis a Trump.

Entre esses eleitores, obviamente os mais comprometidos com os valores republicanos, 86% têm uma imagem favorável do governador da Flórida, reeleito em novembro com 19 pontos de vantagem, a melhor notícia que os conservadores tiveram nesse ciclo eleitoral.

Em compensação, a aprovação a Trump caiu de 85% para 74%, um fenômeno que parecia impossível para um homem que havia provocado níveis de entusiasmo sem precedentes desde Ronald Reagan (os saltos de popularidade dos Bush, pai e filho, foram passageiros, relacionados a acontecimentos externos).

O favoritismo de DeSantis entre o conjunto do eleitorado cai para 43% (36% no caso de Trump). Mesmo assim, numa pesquisa do USA Today, ele venceria Joe Biden com 47% dos votos contra 43%.

São resultados nada menos do que espantosos – e, obviamente, como todas as pesquisas, devem ser vistos à luz dos acontecimentos do momento, com a inflação ainda alta, apesar de declinante e um presidente de 80 anos, o que não provoca muito entusiasmo, nem em democratas arrebatados.

No caso de Trump, também pesa o desgaste natural, acelerado pela impressão de que ele perdeu a mão. Não tem mais o senso de timing que o levou à Casa Branca, contra todas as expectativas, e só fala do passado – a eleição presidencial que diz ter sido roubada. Eleitor gosta de ouvir sobre o futuro e o que será feito para melhorá-lo.

Atitudes que soavam como provocação ao establishment quando ele explodiu no cenário político agora parecem não apenas mal concebidas, como lamentavelmente erradas.

Trump perdeu a oportunidade e não subiu quando o cavalo passou selado à sua frente, Bolsonaro ainda tem nove dias para fazê-lo...

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.

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