Santa Catarina é um pequeno Estado, muito diferente dos demais em muitos aspectos.
Tem um padrão de desenvolvimento melhor do que outros e uma rede de cidades de bom padrão, que supera até São Paulo, em alguns aspectos.
Um deles é na existência de bons times de cidades do interior, entre os quais o Chapecoense, de Chapecó, o Criciuma, de Criciúma e o Joinville, de Joinvile.
Embora irregulares subindo e descendo nas tabelas das séries A e B, caindo e subindo, sempre representam o Estado nos Campeonatos Brasileiros, juntamente com o Figueirense e o Avai, ambos da capital, Florianópolis. Houve uma temporada em que Santa Catarina teve mais representantes na série A, que qualquer outro Estado, exceto São Paulo e Rio.
Surpreendem em outros campeonatos, como o Chapecó, alcançando a final da Copa Sul-Americana de 2016. Esse torneio interclubes é o segundo mais importante da América Latina. Em 14 temporadas os clubes argentinos somam 7 campeonatos e o Brasil apenas 2.
Em 2016 o Chapecoense alcançou a final, foi à Colômbia disputar a primeira partida contra o Atlético Nacional e não chegou lá. O avião que levava a delegação caiu pouco antes de pousar.
Um enorme choque, uma comoção mundial. Talvez mais que a morte do Comandante Fidel. Ontem não consegui escrever nada a respeito. Foi um abalo muito grande.
Mas temos que continuar. ‘Bola pra frente’, como diriam alguns dos comentaristas esportivos também falecidos no desastre. A Fox Esporte perdeu o seu primeiro time.
Já começou a movimentação entre os ‘cartolas’ sul-americanos, mas a Chapecoense deverá ser declarada campeão da Sulamericana 2016, com direito a uma vaga na Copa Libertadores 2017.
Como a Chapecoense irá reconstruir o seu time? Um time competitivo para disputar a Libertadores.
Além da grande perda de vidas, houve uma grande perda econômica, o que virá à tona, após a superação do abalo emocional.
Até que ponto a solidariedade humana se traduzirá na reconstrução de um time de futebol?
A tragédia de Mariana repercute ainda hoje, um ano depois, com muita comoção em relação às perdas ambientais. Mas as perdas humanas já são desprezadas. A população de Mariana está desempregada e empobrecida. Não há propostas concretas para gerar uma nova dinâmica de renda para essas pessoas atingidas pelo desastre.
Cultuamos os mortos. Mas não sabemos o que fazer com os sobreviventes. Como recuperar uma ‘vida normal".
Mas Chapecó saberá dar a "virada": ‘Força Chape’.
Jorge Hori
Jorge Hori
Articulista