Desempregados, demitidos da CNN denunciam irregularidades na emissora

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Ainda está dando o que falar a "guerra fria" envolvendo a CNN Brasil, de Rubens Menin, e jornalistas demitidos recentemente.

Em mais um capítulo dessa história, os ex-empregados acusam a empresa, que foi sua casa por anos, de burlar o pagamento de horas extras e até impedir que ex-funcionários se despedissem dos colegas de trabalho.

A carta dos demitidos veio logo após Menin compartilhar mensagem nas redes sociais em que elogia, indiretamente, o Governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) em quem os ex-colaboradores "batiam" muito nos noticiários.

Aproximadamente, 140 profissionais foram desligados da CNN, nos últimos dias. Entre as queixas dos jornalistas está a manutenção do plano de saúde por 36 dias após as demissões, a quebra de promessas acordadas anteriormente e a realização das dispensas ocorridas em dezembro, um dos piores meses para se recolocar no mercado.

Os comunicadores emitiram uma nota e, assim como o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, entendem que houve descumprimento da lei quando a emissora demitiu em massa os funcionários.

Os profissionais estão analisando a possibilidade de ingressar com uma ação coletiva trabalhista. 

Veja a íntegra da carta divulgada:

“Nós, profissionais demitidos pela CNN Brasil no começo de dezembro, queremos formalizar nosso entendimento e posição sobre o ocorrido.
Após um período intenso de cobertura eleitoral, com plantões extras e sobrecarga de trabalho, e após uma nova onda de casos de covid-19 na redação em novembro, mais de cem profissionais da CNN foram surpreendidos pelas demissões.
Até mesmo profissionais envolvidos em coberturas  em andamento, como as da transição de governo e da Copa Mundo, foram demitidos, o que reforça a surpresa geral diante da decisão da empresa.
Neste início de dezembro, os profissionais demitidos foram convidados um a um pelos diretores a comparecem a uma sala de reuniões situada ao lado do local de trabalho de colegas das equipes de Rádio e de Cortes. Uma representante do RH da CNN também estava na sala.
A justificativa das demissões era a ‘reestruturação’ da empresa. Os diretores enfatizaram que as demissões não tinham relação com o desempenho dos profissionais, mas não deixaram claro quais foram os critérios para escolher os demitidos.
Imediatamente, foi solicitado aos profissionais que assinassem formulários apresentados pela empresa, entregassem os crachás e computadores e deixassem a redação. Também houve casos de profissionais em home office que foram demitidos.
Foram desligados diretores, âncoras, comentaristas, analistas, editores, produtores, repórteres, redatores, designers, integrantes das equipes de redes sociais, além de secretárias e técnicos que atuavam nos estúdios
O total de demitidos representaria de 15% a 30% da força de trabalho da empresa, das áreas de jornalismo e administrativo. A estimativa é de 140 profissionais demitidos. Contando também com colegas da sede do Rio de Janeiro, uma vez que a sucursal da cidade foi fechada.
Entendemos que a ação caracteriza-se como demissão em massa, ocorrida em período pré-festas de fim de ano, onde é mais difícil a recolocação profissional devido aos recessos.
Diante de rumores surgidos em novembro de que poderia haver demissões na redação, alguns profissionais questionaram seus superiores sobre tais boatos. No setor digital da redação, por exemplo, em uma reunião feita no fim daquele mês, os profissionais foram informados de que os cortes, se ocorressem, não atingiriam a equipe.
No entanto, ao contrário do informado pela direção, o setor digital não passou ileso. Doze profissionais deste setor, de diferentes cargos, foram dispensados. Um deles, inclusive, havia sido comunicado sobre uma promoção havia cerca de 15 dias, publicamente em uma reunião da equipe. Tal profissional passou pela vexatória situação e o constrangimento de ser promovido e dispensado em seguida.
Além dos envolvidos nas coberturas da transição de governo e da Copa do Mundo, também foram demitidos profissionais envolvidos em outros trabalhos em andamento.
Alguns estavam, há dias, preparando uma cobertura especial com participação, inclusive, do comercial da empresa e foram demitidos minutos antes de iniciarem a cobertura do primeiro dia de evento, com tudo pronto: produção e credenciais. O carro da equipe cinematográfica já estava esperando no subsolo para levar todos ao local quando receberam a notícia de que funcionários foram demitidos.
No dia da demissão, pouco antes do horário de entrada, funcionários receberam uma informação via aplicativo de mensagem de que a programação sofreria uma mudança, sem receber detalhes se as alterações seriam no formato do telejornal, possíveis novos quadros ou alguma dinâmica diferente na hierarquização das informações.
Ao chegar na empresa, não houve qualquer explicação. Pelo contrário, o ambiente só se tornou mais confuso ao presenciar colegas sendo demitidos, e também pela própria demissão, sob a alegada reestruturação.
Destacamos também como extremamente constrangedor e desrespeitoso o reforço de seguranças no prédio no dia das demissões. Havia um profissional na porta do switcher, com uma lista de nomes determinando quem podia ou não podia entrar.
Tal ato demonstra um receio da empresa de que houvesse represália por parte dos demitidos, uma ação extremamente desumana. Alguns profissionais foram impedidos de despedir-se dos colegas, sendo convidados a se retirarem do prédio brevemente.
Ponto eletrônico
Os funcionários demitidos relataram falhas recorrentes no sistema do ponto eletrônico, principalmente para jornadas que ultrapassavam o dia/noite (madrugada). Exemplo: entrada às 22 horas e saída às 5 horas. O sistema não entende como saída às 5 horas e, sim, como entrada e início de turno. Dessa forma, o sistema deixa as horas negativas. Aí, é necessário abrir chamado via sistema Cervelo e avisar o RH. Isso acontece todas as vezes cujo turno se inicia num dia e termina no outro.
Convênio Sulamérica
Os funcionários demitidos questionam o prazo de permanência no plano de saúde da Sulamérica. Para alguns, o prazo será de 36 dias a partir do dia 5/12. Eles questionam se seria possível estender esse prazo ou até mesmo continuar sendo beneficiário do plano de saúde empresarial, obviamente arcando com as despesas.
Dias trabalhados em feriados que seriam compensados no recesso de dezembro
Trabalhamos diversos feriados nacionais ao longo do ano como justificativa que as horas virariam horas extras. Essas horas extras seriam compensadas no recesso de Natal ou Ano Novo. Mas e agora?
Com isso, solicitamos um entendimento mais transparente sobre o processo ocorrido, reiterando que a demissão de dezenas de profissionais de comunicação teve grande repercussão na mídia e expôs os profissionais à fragilidade da empresa neste momento.”

A CNN ainda não se manifestou sobre a carta dos dispensados.

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