Em jogada de mestre, Tarcísio define Secretário de Segurança e deixa a bandidagem aos "nervos"
27/11/2022 às 17:10 Ler na área do assinanteExperiente em montar boas equipes técnicas, o governador eleito de S. Paulo, Tarcísio de Freitas já escolheu alguns dos 23 secretários de estado.
O primeiro foi o secretário da Educação, Renato Feder (atual secretário de educação do Paraná), o futuro secretário de Saúde de São Paulo será o médico e ex-vice-prefeito de Rio Preto, Eleuses Paiva.
O novo chefe da Casa Civil será um egresso da Academia de Agulhas Negras, o advogado Arthur Lima, é considerado um nome técnico, que não tem filiação partidária.
Outro nome técnico é a engenheira e advogada Natalia Resende, ela vem de Brasília para comandar uma "supersecretaria", que incorpora a de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes.
UM FERA PARA INICIAR UMA GUERRA
A melhor nomeação de Tarcísio até agora para a Secretaria de Segurança Pública, o governador eleito de São Paulo escolheu o deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) para assumir a Segurança Pública em seu futuro governo.
Não foi uma escolha aleatória, Derrite conhece os perigos do combate ao crime organizado – ele comandou o Pelotão de Força Tática do 49º batalhão e a temida tropa elite paulista, a ROTA.
A nomeação de Derrite quebra uma longa tradição do último quarto de século onde a Sec. de Segurança de São Paulo era comandada por promotores, sem experiência alguma no ‘combate’ de rua. Derrite acrescenta outro dado, além de sua experiência pratica ele também é um estudioso aplicado da violência urbana e suas razões.
Pela péssima gestão da segurança publica nos sucessivos governos do PSDB paulista, o PCC nasceu e se fortaleceu no estado – e a partir de sua base paulista, se tornou a maior facção criminosa da América do Sul, superando os carteis colombianos.
O principal desafio de São Paulo é a segurança, pois sem resolver isso não se acaba com a cracolândia, não se diminui custos e nem mesmo a privatização do maior porto do hemisfério sul, o porto de Santos, será plena pois a facção tem forte presença nas Docas.
E o PCC também não irá entregar seus territórios sem um combate violento. Em muitas comunidades a facção tem um encarregado chamado de ‘disciplina’ e muitas vezes é esse personagem que faz justiça em regiões onde o estado não se faz presente. Não dá pra prever o que vai acontecer, mas pela 1ª vez em 27 anos, o crime organizado terá um adversário a altura em S. Paulo.
Eduardo Negrão
Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.