Desde quando foi escolhido como sede o principado do Catar já levantava suspeitas de corrupção. A mais recente partiu do conhecido jornalista árabe, Amjad Taha, diretor do instituto britânico de pesquisas do Oriente Médio.
Sem medo, numa região onde quase não existe imprensa livre ele sapecou no Twiter:
“Exclusivo: Catar subornou oito jogadores equatorianos com US$ 7,4 milhões para perder o primeiro jogo (1 a 0, 2º tempo). Cinco especialistas do Catar e do Equador confirmaram isso. Esperamos que seja falso. Esperamos que compartilhar isso afete o resultado. O mundo deveria se opor à corrupção da FIFA”, escreveu em seu perfil no Twitter, com 436 mil seguidores.
A resposta veio rápida, Miguel Ángel Loor, presidente da Liga de Futebol Profissional do Equador (LigaPro), explodiu contra Amjad, enegou categoricamente – óbvio não se esperava outra posição dele mas o fato é que essa Copa já vem levantado suspeitas faz tempo.
O fato é que desde dezembro de 2010, quando o Catar foi escolhido como sede, haviam indícios de possíveis infrações nas candidaturas da Rússia e do Catar para sediarem as Copas do Mundo de 2018 e 2022. Cinco dirigentes foram acusados de receberem dinheiro em troca do seu voto, três deles para votar no Catar para 2022 e outros dois para votarem a favor da Rússia em 2018. O processo de escolha das sedes das duas Copas aconteceu no mesmo dia, em dezembro de 2010.
Três dirigentes sul-americanos receberam pagamentos para votar no Catar, segundo o indiciamento na justiça americana: Julio Grondona, ex-presidente da AFA; Nicolas Leoz, ex-presidente da Conmebol; e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Algo que a própria Fifa pareceu confirmar em dezembro de 2020 e que mostramos aqui.
Grondona morreu em 2014, antes mesmo do Fifagate. Nicolás Leoz morreu em 2019, quando estava em prisão domiciliar e estava lutando contra a sua extradição para os Estados Unidos. O terceiro deles, Ricardo Teixeira, está no Brasil e até concedeu entrevista à CNN em março se dizendo perseguido. O ex-presidente fica no Brasil porque pela constituição brasileira, o país não pode extraditar seus próprios cidadãos.
Há 48 horas da abertura da Copa as reclamações são de todo tipo. O Catar não teria estrutura hoteleira para receber o volume de turistas, as temperaturas altíssimas (mesmo no inverno) tornam o esporte em alto nível impraticável, denuncias de trabalho-escravo e as fortes diferenças culturais num país onde consumir álcool e o homossexualismo são considero crime.
Uma coisa é certa de uma forma ou de outra a partir de domingo a chapa esquenta em Doha.
Eduardo Negrão
Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.