Após criticar ‘censura da toga’, colunista da Folha tem contrato encerrado
13/11/2022 às 13:24 Ler na área do assinanteO engenheiro, especialista em finanças e presidente do Instituto Mises Brasil, Hélio Beltrão, não é mais colunista da Folha de S.Paulo.
O anúncio de seu afastamento foi divulgado por ele mesmo, nas redes sociais, ao reproduzir um comunicado do veículo de comunicação:
"Atenção: a partir de hoje quarta não tem", escreveu, em referência ao dia da semana em que costumeiramente sua coluna era publicada.
Beltrão vinha apontando os absurdos impostos pela ‘censura da toga’, que há mais de um ano silencia, suspende, desmonetiza e até prende, pessoas comuns, políticos, contas e canais na Web e veículos de comunicação.
Sua primeira coluna mais contundente a respeito do tema foi em outubro, dias após o primeiro turno das eleições, em uma dura crítica ao STF e ao TSE:
"A censura e o princípio autoritário - Ao remover conteúdo e interferir nas eleições, TSE perde legitimidade", dizia o título do texto de Hélio Beltrão.
O primeiro parágrafo, incisivo apontava a gravidade do fato:
"A censura tem se alastrado de maneira assustadora no Brasil. Não se imaginava há alguns anos que a liberdade de expressão, consagrada na Constituição, estaria sob ataque feroz neste 2022. Estávamos errados. A censura ressurgiu e paradoxalmente tem o apoio ou a racionalização de inúmeros jornalistas e, também, da maior parte da esquerda…"
O texto encerrava com uma triste constatação:
"O STF e o TSE, ao agirem como árbitros sobre a veracidade e falsidade de assertivas de cunho político, correm risco de perder a confiança da população na sua independência e legitimidade.
Enquanto não virarmos a China, a internet —graças a Deus e ao capitalismo— vencerá a censura."
Em 8 de novembro, ele publicaria em suas redes a foto do ex-secretário da Receita, Marcos Cintra, com a frase:
"Atenção: Não pode falar Brazil was stolen"
Era uma referência à censura imposta a Cintra, que teve suas redes derrubadas e foi intimado a se explicar, logo após tecer críticas construtivas ao processo eleitoral.
No dia seguinte, com a mesma frase como título, Beltrão publicaria a opinião que levaria ao fim de seu ciclo na Folha.
O texto, não se sabe se por coincidência ou de forma proposital, não está mais acessível, mas temos o print:
Horas antes de ser comunicado sobre o fim de sua coluna, Beltrão ainda publicaria uma outra mensagem em suas redes, dessa vez apontando o encontro que pode tornar a censura uma ferramenta permanente e regida por lei, no pedido de Alexandre de Moraes a Lula, que assume a presidência a partir de 1º de janeiro.
"Este sujeito pequeno quer uma lei mais ditatorial que a Lei da Imprensa do regime militar e a encomendou a Lula", concluiu.
Teria sido essa última provocação, a gota d'água para os censores, ofendidos em seu íntimo?
Não é possível provar, mas pode ser presumido que a Folha foi cobrada, de alguma forma, pelas críticas e, ao se ver censurada, ao invés de resistir e denunciar, preferiu, ela mesma, também censurar.
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