O PT nunca se importou com a educação...

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Em um dos comícios durante o segundo turno, o Presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, soltou uma pérola ao lado do seu ex-ministro da educação e candidato derrotado no segundo turno para governador de São Paulo, Fernando Haddad, que no Brasil as pessoas eram analfabetas porque “este país nunca teve um governo que se preocupasse com a educação”. Não podemos discordar. 

O candidato que venceu no domingo governou durante oito anos e fez uma sucessora, Dilma Rousseff, que se reelegeu em 2014 com o mote “Brasil, pátria educadora” para ver se ganhava popularidade com o eleitorado. Suas medidas de governo foram desastrosas e ela foi impedida por crime de responsabilidade. No final da gestão do vice Michel Temer, o PISA, que é o maior estudo sobre educação do mundo medindo proficiência e habilidades dos estudantes em várias áreas, saiu em 2018 e os números da educação no Brasil foram estarrecedores. 

De acordo com relatório, 50% dos estudantes brasileiros até 15 anos não tinham o nível básico em leitura, considerado pela OCDE como o mínimo para exercer sua plena cidadania. Apenas 0,2% dos estudantes brasileiros atingiu o nível máximo de proficiência em leitura. Do total dos estudantes avaliados quase 73% eram de escolas públicas. De 2009 até 2018 a média do desempenho nacional ficou estagnada, período compreendido pela gestão de Haddad como Ministro da Educação dos governos do PT, entre 2005 e 2012. Além do fracasso da política pública para o ensino fundamental, é necessário destacar que o Brasil até 2018 investia em cada aluno dessa faixa o valor de 3.256 dólares, menos da metade do que os países membros da OCDE, cuja média é de 10 mil.  

Da mesma maneira, as universidades brasileiras não fogem da mediocridade que assola a nossa educação. O impacto da pesquisa brasileira é pífio, considerando indicadores internacionais. A Universidade de Leiden na Holanda, fundada como uma universidade protestante em 1575, e um dos centros acadêmicos mais respeitados do mundo, possui um ranking que mede a qualidade da produção científica de universidades ao redor do mundo, e o resultados para a pesquisa brasileira para o período entre 2013 e 2016, divulgados em 2018, último período da gestão petista, eram bem ruins.  

Apesar do ufanismo do PT à época que dizia que o Brasil publicava uma enorme quantidade de artigos acadêmicos, o que não é mentira, o impacto deles é muito baixo. A USP por exemplo, instituição bem mais posicionada no ranking, tem o 8º lugar na quantidade de artigos publicados.  Porém em relação à qualidade, que é medida pela quantidade de artigos entre os 10% mais citados no mundo ela cai para a 90ª posição¹. As quatro universidades federais brasileiras mais bem avaliadas, UFRGS, UFRJ, UFMG e UFSC despencam nessa lista para as posições 373º, 404º, 462ª, 578ª respectivamente², num total de 938 instituições.  

Todas as 21 universidades nacionais participantes deste ranking até 2017 tinham um custo total de 38 bilhões de por ano ao pagador de impostos. Mais a qualidade da pesquisa é baixa. Dos entraves burocráticos à importação do material, problema não resolvido pela gestão Haddad, passando pela falta de estímulo aos pesquisadores, que são servidores estáveis (para que se esforçar e ter 10 artigos citados se o colega que teve apenas 1 ganhará o mesmo salário?) e a estrutura precarizada das universidades durante a era Lula/Dilma, as causas são variadas. Não nos esqueçamos que o mandatário eleito se vangloriou nos debates durante o período eleitoral de ter inaugurado várias universidades, porém sucateando as já existentes.  

Uma coisa é certa: educação e pesquisa de qualidade nunca foram prioridades da esquerda.  

Fontes: http://portal.mec.gov.br/images/03.12.2019_Pisa-apresentacao-coletiva.pdf 

https://www.leidenranking.com/ranking/2018/list 

Brasil foi o país que fechou escolas por mais tempo na pandemia, aponta levantamento (terra.com.br) 

Notas 1 e 2: As universidades citadas, subiram, respectivamente, para as posições 76ª, 367º, 406º, 431ª, 525ª no ranking de 2022 que cobre o período entre 2017-2020, compreendendo a gestão Temer e metade do governo Bolsonaro: https://www.leidenranking.com/ranking/2022/list.  

Foto de Zaira Freire de Almeida

Zaira Freire de Almeida

Cristã, advogada e escritora. Autora do livro "O Porquê da Prosperidade", Editora Ágape.

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