Partido de Soraya Thronicke articula ‘golpe’ covarde para se apossar de mandato no MS
16/10/2022 às 09:25 Ler na área do assinanteAssim como acontece com Damares, no Senado, "forças estranhas" fazem grande esforço para que Rafael Tavares, Deputado eleito com mais de 18 mil votos, não assuma o cargo.
Durante muito tempo eu acreditei naquela história de que uma maçã podre em um cesto de maçãs sadias pode levar todo o cesto à podridão. Eis que surgiu o fenômeno Bolsonaro e hoje eu já penso que, pelo menos na política, uma maçã sadia pode atrapalhar os planos de várias maçãs podres.
Talvez isso explique o fato de alguns candidatos eleitos estarem sofrendo tamanha perseguição antes mesmo de assumirem seus mandatos.
Retratamos aqui recentemente o caso da Damares Alves, e agora trazemos o caso de Rafael Tavares, deputado estadual eleito com 18.224 votos pelo PRTB no Mato Grosso do Sul.
Sem grandes investimentos de campanha, contando com poucos recursos de vaquinhas na internet, zero recursos do "Fundão" e bem longe das tradições e dos poderosos da "velha política", Rafael é um dos 5 deputados novatos eleitos para a Assembleia Legislativa do MS.
Conservador e bolsonarista, tão logo teve sua eleição confirmada, começaram algumas movimentações estranhas com o intuito impedir que ele assuma o cargo.
Numa estratégia com ares antidemocráticos, o União Brasil não conseguiu eleger o candidato Rhiad Abdulahad e agora quer levar a decisão política para as esferas judiciais, bem longe das mãos dos eleitores.
Rhiad teve 11.439 votos, quase 7 mil votos a menos que Tavares, entretanto, ele assumiria a vaga de deputado na distribuição feita numa eventual recontagem dos votos e caso o golpe contra Rafael tenha sucesso.
O mais contraditório é que a alegação da ação judicial movida pela Diretório Estadual do União Brasil junto ao TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) é que a chapa do PRTB não teria respeitado a relação numérica (70% de homens e mínimo de 30% mulheres) entre os 24 candidatos do partido na disputa para a ALMS.
Problema 1: foi o próprio TRE-MS que indeferiu duas candidaturas femininas do PRTB durante a campanha, alterando a contagem;
Problema 2: a chapa do PRTB foi devidamente aprovada pela Justiça Eleitoral mesmo após a alteração.
Problema 3: Rhiad Abdulahad também é homem, o que, de fato, não alteraria em nada a contagem de Deputadas na Assembleia de MS.
Relação Com Soraya Thronicke
O União Brasil é o mesmo partido de Soraya Thronicke, Senadora do MS que, durante toda a campanha de 2018 se dizia grande aliada do Presidente Bolsonaro. Embora hoje ela negue que tenha sido eleita graças a ele, eu pessoalmente e vários amigos aqui do MS nunca ouvimos falar do seu nome até assistir um vídeo de JB recomendando seu nome para o Senado Federal. Fato: votamos nela e nos arrependemos amargamente.
Ela também é Presidente do União Brasil Mulher, Advogada candidata à Presidência da República derrotada no primeiro turno deste ano.
Nos debates, se posicionou extremamente contrária ao Presidente que a ajudou a se eleger, sendo qualificada como traidora por muitos do seu antigo eleitorado do MS, o que lhe rendeu manifestações e gritos de "traidora" de um grupo de insatisfeitos presentes no momento da sua votação no primeiro turno.
Soraya é sócia de Rhiad Abdulahad no escritório de advocacia Cabral Gomes e Thronicke Advogados Associados.
Dener Dias
Jornalista, músico e compositor. Autor do livro-reportagem Poeira Branca.