Atenção Bonner! O Brasil não vai esquecer do que você fez...
27/08/2022 às 14:00 Ler na área do assinanteA entrevista de Bolsonaro no JN foi uma espécie de "interrogatório" querendo alguma confissão do "suspeito"
Imagina um cenário onde uma pessoa sofreu um acidente em 2019 e ficou de "coma" até ontem, quando acordou e por coincidência assistiu a entrevista de Bolsonaro no JN.
É muito provável que ela teria a seguinte impressão do Presidente: que ele quer dar um golpe na democracia; que é um corrupto, por ter governado com ajuda de alguns partidos ditos do centrão; que é um assassino em massa, matando 700 mil pessoas na pandemia; que a economia do Brasil é a pior do mundo, pois a inflação está alta; que a Amazônia está sendo destruída e entregue nas mãos de criminosos; e que existiu uma corrupção sistêmica no governo.
A Globo não fez uma entrevista, foi uma espécie de interrogatório de um suspeito ou mesmo uma audiência de um acusado da justiça, com os apresentadores fazendo papel de juízes, promotores e ainda com sentimento de serem vítimas.
Bolsonaro não teve condição de falar por 20 segundos que já era interrompido e questionado, com uma acidez pior que abacaxi verde. Todas as perguntas foram abertas com argumentos e dados que tentavam direcionar a opinião pública. Os momentos do "inquérito" foram conduzidos com ataques pessoais, tentando desumanizar o "investigado" e diminuir os seus argumentos.
Em nenhum momento houve disposição para ouvir que a economia do Brasil é uma das únicas do mundo que vai ter crescimento este ano; que 98% da Amazônia é preservada; que o presidente foi xingado por ministro do STF de Nazista; que a mesma Corte de Justiça interferiu em mais de 150 decisões do chefe do Poder Executivo nos últimos três anos; que o Brasil foi um dos 10 primeiros países do mundo a vacinar a sua população e uns dos 5 países que mais investiu para conter a pandemia quando relacionamos os gastos com o valor do PIB; que o objetivo de modernizar as urnas eletrônicas foi uma tentativa de dar mais segurança e transparência as eleições, totalmente ao contrário de ser um flerte à ditadura; que existiu casos isolados de suspeitas de corrupção (foram imediatamente desligados do governo), muito diferente de uma corrupção institucionalizada como aconteceu nos desgovernos do PT.
Como disse o senador americano Daniel Patrick Moynihan: "todos têm direito à própria opinião, mas não a seus próprios fatos".
A mídia tradicional acostumou a criar narrativas e colocá-las como fatos incontestáveis. Dirige as impressões da realidade, fomentando pseudo-verdades, mas vendidas como verdades absolutas.
A Globo parou de fazer jornalismo e se transformou em um misto de distrito policial, tribunal de justiça, com uma pitada de DOI-CODI, ou seja, um QG de tortura (do entrevistado e da audiência).