Será que as pessoas não enxergam o que falam e não ouvem o que veem?

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Ainda rende assunto na imprensa a tal carta publicada pela oposição (ao Brasil) intitulada “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!”, patrocinada pela Febraban e pela Fiesp, e agora uma segunda carta, agora, sim, assumidamente da Fiesp, com o título “Em defesa da democracia e da Justiça”.

O que não dá para entender é um conjunto de jornalistas e comentaristas da imprensa, inclusive, daquelas que não se misturam com a imprensa suja, tecer suas análises baseado apenas, e tão apenas, na retórica sobre título, ignorando a dialética contida no contexto da própria missiva política publicada.

Todos, em sã consciência, apoiam, obviamente, a defesa do estado democrático de direito e da justiça. Isto, ninguém há de contestar. Mas o miolo, o conteúdo, e o teor das mensagens, são totalmente desassociadas do título, sob o ponto de vista da atualidade que vivemos. Mas, principalmente, tem como objetivo alcançar o que os envolvidos almejam, tentando extrair empatia da sociedade.

O título é altamente plausível, mas o conteúdo é apenas uma ferramenta para aquiescer o que o sistema envolve em seus tentáculos políticos. Os textos, e seus contextos, são um aparente meio para locupletar com os desejos de todo um esquema montado para desqualificar o governo federal, e promover o descrédito para o presidente da república. É sistêmico mesmo! Obviamente, o período eleitoral é o cerne da questão.

A primeira é uma reação dessa gente após a reunião que o presidente promoveu com os embaixadores, que diga-se de passagem, com os mesmos que atrevidamente, o TSE também havia se reunido. O tema, em ambas as ocasiões, envolvia as eleições e o sistema eleitoral. A segunda carta, a da Fiesp, foi elaborada após a divulgação, pelo próprio presidente da república, que as comemorações oficiais do 7 de setembro (200 anos de independência) serão realizadas no Rio de Janeiro, no mesmo bairro, Copacabana, que comemorou recentemente (5 de julho) o centenário do movimento conhecido por “os 18 do Forte de Copacabana").

Portanto, os dois documentos têm caráter político, sim, senhor!!!

Tenho ouvido e lido muitos analistas, que de uma maneira ou outra, com seus pitacos, defendem abertamente a defesa da democracia, e alguns (ou muitos), até o conteúdo da carta. É um direito inalienável de todos, sem dúvida alguma. Mas, assistindo ao comentário do advogado e comentarista da Jovem Pan, Cristiano Vilela, sobre a carta, parei, pensei.... Nossa!!! Como foi superficial e infeliz seu comentário, Cristiano! Segundo ele, todos os candidatos, inclusive, Bolsonaro, deveriam assinar a (s) carta (s) (ficou a dúvida a qual delas ele se referia, ou se a ambas). E o que abordo aqui é justamente essa confusão (título x teor), proposital, diga-se a bem da verdade. Aos títulos das cartas, até eu assinaria, mas o conteúdo... nãnãninãnão!!!

Na fritada dos ovos, a rigor, as duas cartas defendem a postura do STF e do TSE, bem como a legitimidade das urnas eletrônicas como a conhecemos. A diferença entre os dois manifestos é que a primeira é mais incisiva e direta, popularesca mesmo, e a segunda carta é mais perfumadinha e fofinha. Maquiada por expressões bonitinhas, conceitos comportados, quase emocionais, a carta da Fiesp é um elefante dentro de uma loja de cristais.  

O detalhe fica por conta do resgate de outros momentos políticos vividos no país, outras realidades, para tentar dar legitimidade a seus próprios manifestos. A primeira, o manifesto do Goffredo Telles Jr., de 1977, e a segunda, a Semana da Arte Moderna, conhecida por Semana de 22, o que é discutível em suas essências e a atualidade.

Lembrando de uma situação muito importante. Todas essas pessoas, as que elaboraram essas famigeradas cartas e seus signatários, jornalistas, comentaristas, e claro, eu, neste minifúndio de papel, estamos exercendo a democracia em toda sua plenitude. Então, onde esse povo está vendo alguma ameaça, se não em seus próprios interesses?

Abaixo do Leia e faça seu próprio juízo:

Carta da Faculdade de Direito, CLIQUE AQUI!

Carta da Fiesp:

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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