O futuro do Brasil está nas mãos do povo. Nunca foi tão fácil escolher!
31/07/2022 às 12:27 Ler na área do assinanteO professor e ex-juiz Samer Agi, agitou o seu Instagram nesta quinta-feira (28), com a publicação de um texto sugerindo uma autobiografia do presidente Bolsonaro. Sem entender, li apressadamente, e encontrei ao final do texto a seguinte explicação:
“O texto acima não foi redigido pelo presidente e não significa adesão a qualquer posição político-partidária. Tanto é assim que, na data de amanhã, publicarei texto, em idêntico sentido, do ex-presidente Lula. O objetivo da reflexão é lhe mostrar o poder da escrita. Escrever bem pode mudar histórias. Se você quer aprender escrita criativa, participe da Imersão online e gratuita “Aprenda a Escrever Bem”. Link na bio. Inscreva-se imediatamente.”
Antes de fazer as minhas considerações, transcrevo, na íntegra, os dois textos, o de Bolsonaro e o de Lula respectivamente, para que o leitor possa avaliar não só a escrita, mas, sobretudo, os conteúdos abordados.
Texto supostamente autobiográfico de Bolsonaro:
“Acordei, fiz a barba, olhei-me no espelho. Penteei os cabelos grisalhos, vesti o terno azul marinho, coloquei a gravata de sempre. Algumas lágrimas inundavam meus olhos. A face ainda era seca. Dormi duas horas na última noite. Mais do que na noite anterior.
Pela primeira vez, nos últimos meses, via o homem, não o presidente.
Senti saudades de minha mãe, de seu abraço já sem força, de seu café passado. É passado. Senti saudades de minha filha, de seu sorriso no almoço, de sua inocência presente. É presente. Só que as circunstâncias, a que me submeti, exigem o futuro. Tudo é futuro. E o futuro é daqui a poucos meses.
A verdade é que o homem entra na política porque quer, permanece porque precisa. São ataques diários. Vencer é resistir. Só que, na política, não há vitória. A política é uma guerra que nunca termina, uma paz que não existe, uma batalha composta apenas por perdedores. Perdemos nossa saúde, nossa convivência familiar, nosso nome. Tudo em nome do poder ou de uma missão. Depende do senso de cada um.
Eu sei: errei ao longo do mandato. Errei muito. Erros diversos. E, talvez, você diga que não mereço o seu voto. Mas eu não vim aqui pedir o seu voto. Eu vim aqui pedir o seu perdão.
Errei, porque sou humano, porque as crises foram novas, porque o desafio foi maior. Enfrentamos pandemia, guerra e inflação. Entenda: a economia depende do mundo. E o mundo não depende de nós. Fizemos o que entendíamos ser o melhor.
Mas não quero justificar os meus erros. Não busco justiça agora. Busco perdão.
Perdão pelos erros que cometi. Por um momento, esqueça o presidente e veja o homem. Um homem que, humildemente, lhe pede perdão. Você me perdoa?”
Texto supostamente autobiográfico de LULA:
“Câncer, viuvez, condução coercitiva. Condenação, execração pública, prisão. Se, em 2011, me apresentassem os próximos anos da minha vida, eu não acreditaria.
Eu vi minha mulher morrer sendo acusada. E, por mais que você não acredite na minha inocência, pergunto: o que ela fez? Nada. Mesmo assim, morreu sob uma espada.
Eu não vi o meu irmão morto. Proibiram-me, de fato, de ir ao velório. Quando mudaram a decisão, era tarde demais. Você pode achar isso pouco. Mas coloque-se em meu lugar: e se proibissem você de velar seu irmão?
Alguém diminui a minha dor, porque eu sou o Lula. Mas o Lula tem filhos, tem netos, teve mãe. O Lula ficou quarenta e três anos casado com a mesma mulher. Só a morte nos separou. Então, eu vejo pessoas falarem de família tradicional. Eu não falo. Eu vivo. Eu vivi. Eu só sou contra obrigar todo mundo a viver do jeito que um grupo pensa.
Quanto ao meu processo, sejamos francos: não foi um processo. Foi uma caçada. Eu comecei condenado. Não havia defesa. Nada era plausível. A verdade é que o juiz queria ser presidente e encontrou uma forma. Então, ele combinava com o procurador o que perguntar, quem deveria ser enviado, como se comportar. Se você fosse o réu, chamaria isso de justiça?
Claro que errei. Errei, porque é humano errar, porque todo governante erra, porque não soube tirar pessoas no momento certo. Sim, é possível que tenha havido corrupção em meu governo. O que defendo é que eu nunca me corrompi. É diferente. Corrupção há em governos. Porque você não controla o que todo mundo faz. Porque, para ter governabilidade, você precisa ceder ministérios, liberar emendas, nomear pessoas. E pessoas podem nos decepcionar.
Pelos meus erros, peço perdão. Pelo futuro do Brasil, eu poderia, aqui, pedir uma chance. Mas, hoje, eu não venho pedir que você coloque 13 na urna. Eu venho pedir que você se coloque em meu lugar. Por um instante, você é capaz de ser o Lula?”
Minhas considerações sobre ambos os textos:
O autor destes belos textos está aprovado para a sua proposta de ensinar escrita criativa. Não resta menor dúvida de que o professor escreve muito bem. Escolheu tema atual e polêmico, entretanto, talvez, preocupado com a forma, descuidou-se do conteúdo, e deixou passar sua “posição político-partidária”, além de um belo jogo com as palavras, que esconde mensagens subliminares favorecendo um dos atores, autores.
No texto sobre o presidente Bolsonaro, escolheu uma foto bem definida, com o semblante sério. Apesar de tentar humanizá-lo com algumas lágrimas, deixou escapar “que a sua face ainda era seca”. Poeticamente, entretanto, fala de presente, passado e futuro. Futuro das eleições, que é daqui a poucos meses.
Deu ênfase ao homem e não ao presidente. Fala de cansaço, desgaste, noites mal dormidas.
Fala da política em que o homem se "submeteu", e sua visão é que na política não há vitórias, é uma guerra, uma “batalha composta apenas por perdedores”. E, indaga: tudo pelo poder ou missão?
O senso do presidente é o de missão. Missão quase impossível. Ele é único presidente eleito democraticamente, que é órfão do poder legislativo e do Judiciário.
E finalmente, atribui ao homem presidente muitos erros. Erros. Mais e mais erros.
‘Bolsonaro errou, porque é humano, porque as crises foram novas, porque o desafio foi maior. Enfrentamos pandemia, guerra e inflação’.
Faltou acrescentar que ele enfrentou também facada, cirurgias, humilhação (bolsa de colostomia). Enfrentou a fúria dos artistas desmamados, a traição de ex aliados, CPI, mais de uma centena de pedidos de impeachment, cancelamento diário pelas grandes mídias televisivas; além da união de empresários e banqueiros saudosos pela falta de dinheiro público, para impedir sua provável reeleição.
Vivendo no limite do estresse diário, claro que o presidente cometeu erros. Acossado e perseguido por ataques diários, todos os seus atos foram em legítima defesa da sua honra.
Estes quatro anos de governo, foi uma verdadeira lição de sobrevivência. Nunca houve um presidente que tenha passado por tantos desafios. Desafios vencidos. Outros ainda por vir.
Apesar da caçada incansável dos abstinentes do poder, sei que incluiria em sua autobiografia, que nunca esteve só. Talvez o único presidente do mundo que recebe manifestação de apoio do povo mesmo depois de quatro anos da eleição.
O povo, mesmo cansado, trabalha de graça, com graça e patriotismo. Não é preciso pedir votos. Seus votos são tão garantidos que o sistema teme por sua permanência no cargo por mais quatro anos.
Esqueço o presidente e vejo o homem. Verdadeiro. Honesto. Humilde.
Não teria nenhum problema em pedir perdão. Mas, quem lhe deve um pedido de perdão é o Brasil. O Brasil de oposição, este que trocou o dever de ser apoio e contraponto, pela perseguição implacável.
Não são os seus erros que os incomodam, presidente. São precisamente, as suas qualidades.
Deixam isso claro quando escolhem apoiar um adversário corrupto e ex-presidiário.
Considerações sobre a autobiografia do Lula:
Para o texto do candidato adversário, foi escolhida a foto retirada do seu álbum de casamento recente.
O texto “autobiográfico” de Lula começa com a palavra “câncer” e segue a linha de vitimismo, que vai desde acusações de perseguição política que atingiu até a sua mulher que “morreu sob uma espada”.
A morte da esposa. O velório do irmão, cuja permissão saiu tarde demais para quem não suporta a humilhação de esperar (quando saiu a decisão, não quis mais ir).
Curioso não constar na sua biografia, a sua saída da prisão para o velório do neto, cuja cena mais comentada, foi o sorriso e o aceno para as câmeras de TV.
Exaltar a sua família tradicional não podia faltar em sua biografia, pois, com um casamento que durou 43 anos, e só a morte os separou, pode ser muito útil para fins de comparação com o outro candidato. Mas, não pode constar o comício feito ao lado do corpo de sua amada esposa. Episódio lamentável.
Não entendi por que “processo” está no singular, afinal, são processos, e não só dele, mas, de quatro filhos. Segundo a revista Veja, de março deste ano, os processos contra Lula foram todos arquivados, nada esclarecido. Foi descondenado, jamais inocentado.
A coisa mais bizarra desta biografia é dizer que “um juiz queria ser presidente e encontrou uma forma”. Essa sim é uma teoria da conspiração. O tal Juiz ganhou fama mundial por ser responsável pela prisão do Lula, mas, nem conhecia o improvável futuro presidente, que precisou literalmente, correr atrás dele para convidá-lo para o cargo de ministro.
Hoje, o juiz traidor não goza de prestígio algum. Está no limbo.
É bem a cara do Lula dizer que seu único erro foi: “não soube tirar pessoas no momento certo”. Admite que pode ter havido corrupção no seu governo. Mas, garante que nunca se corrompeu. Quem se corrompeu então? Os mais de 20 juízes que julgaram seus processos?
Pelo erro de não ter afastado os corruptos do seu governo, ele pede perdão. Se conseguir mais uma chance, ele já promete que “não vai enganar o povo mais uma vez”.
Dizer que: “eu não venho pedir que você coloque 13 na urna” é o mesmo que dizer para você não imaginar um balão azul. Não imagine um balão azul. Não vou pedir para apertar o 13.
Perdoar Bolsonaro é muito mais fácil do que colocar-me no lugar do Lula. Não porque ele é um mártir, preso político, injustiçado, alma mais honesta do país. Seria fácil se assim fosse.
Numa tentativa de despertar empatia no eleitor, o homem pergunta:
Por um instante, você é capaz de ser o Lula?”
Para se ter empatia não pode haver dúvida sobre os fatos. A empatia exige conhecer a pessoa a fundo. Empatia é um sentimento fino que só ocorre na interação, na simpatia, no diálogo.
Sendo assim, não sou capaz de ser o Lula, nem por um instante.
Bernadete Freire Campos
Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.