A arte de dar tiro no pé. A carta confessional, praticamente um “Juramento de Hipócritas”!

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Como é especialidade da esquerda, alguns do progressismo, ou muitos, sei lá, tomaram para si esse método... A esquerda se apodera de verdades incontestáveis, de juízos firmados na sociedade, de expressões refinadas, enfim, do óbvio, e discursam como se esse discurso fosse de sua propriedade, porque no fundo, logicamente, todos tendem a concordar.

No entanto, a falsidade fica estampada, quando saem desse discurso para a prática. Ou seja, uma metodologia covarde que conta com uma, infelizmente, grande quantidade de incautos e despreparados para segui-la.

Essa tal carta aberta - Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito! -  publicada “oficialmente” como se fosse oriunda da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), é na verdade, e todo mundo sabe, idealizada pela FIESP (Federação das Indústria do Estado de São Paulo) e pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos), sobre a democracia e urnas eletrônicas, que cai neste mesmo contexto. Pelo menos, até que se prove o contrário.

Há de ser considerado, ainda, que alguns elementos de importantes setores de poderes da república, também podem estar envolvidos nessa idealização. É óbvio que todos querem o bem da democracia, e a defendem, mas como soe acontecer com a mentira, numa breve observação, nota-se a incoerência e a sistêmica atuação dos opositores do atual governo federal, liderado pelo democrata Jair Bolsonaro.

A tal carta é uma prova inconteste dessa premissa que trago, ou seja, seu título é o discurso (teoria) e o seu conteúdo é a prática. Totalmente dissonantes!!!   

O primeiro ponto a ser observado, é que essa “democracia” que a carta vem “defender” é a mesma que dá condição a eles para escreverem o que bem entendem. E que infelicidade a deles para esse momento... Ora, ora, defender a democracia que está muito bem consolidada no país, senhores? Aliás, tem vários elementos que assinaram esse minifúndio de besteirol que ajudam a enfraquecer quem, de fato, trabalha pela democracia brasileira.

Adentrando ao conteúdo da missiva, em seu primeiro parágrafo, os autores tentam associar essa iniciativa de agora àquela ocorrida em 1977. Uma sordidez sem tamanho, a desses caras. Querem fazer crer aos menos atentos que a luta naquele tempo, contra o regime militar, é a mesma que se dá hoje. Infelizes!

Não podemos deixar de perceber que a carta de agora peca, de cara, por falta de autoria, diferentemente, da escrita em 1977, devidamente assinada por seu autor, Goffredo Telles Jr.

Na foto acima, Goffredo Telles Jr. lê seu manifesto, publicamente, no Patio das Arcadas, no Largo de São Francisco, da Faculdade de Direito de SP. Se seu manifesto é correto ou não, isso é outra conversa, mas, na contra mão, a carta atual não mostra autoria, nem cara. A promessa é que apareça alguém no dia 11 de agosto, próximo. No aguardo!

Para início de conversa, o cenário era outro, os personagens eram completamente outros, enfim, nada a ver. E quem assinou o manifesto daquela feita, com muita gente conhecida, tem nomes respeitados pela área jurídica atual, dentre outros, Modesto Carvalhosa e Dalmo Abreu Dallari (falecido neste ano). E, claro, não podiam faltar esquerdistas na lista. Um deles, o conhecido das capas político/policias, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh.

A seguir, a carta entra num processo de subjetividade, falácias e até mentiras. Justifica sua defesa das eleições eletrônicas com evasivas como “...tem servido de exemplo para o mundo” ou “...revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.” E caminhando com a leitura, nos deparamos com expressões perfumadas para o povão, como “desigualdades sociais”, “carências”, “saúde, educação, habitação e segurança pública” e a bola da vez, “matéria de raça, gênero e orientação sexual”.

Enfim, mentem para cunhar narrativas como “ataques infundados”, “intoleráveis ameaças aos demais poderes” e “incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. E ainda falam em ditadura e tortura.

Chamam para si a consciência e espírito cívico como se os pares que eles apoiam não estivessem inundados de processos e denúncias de toda ordem. Onde esse povo está com a cabeça?

E para fechar com “chave de ouro”, em consonância às palavras mais escutadas por diversos ministros do STF e do TSE, pedem respeito ao resultado das eleições.

Mas, a carta revela uma verdade...

Aliás, a bem da verdade... O número de pessoas que assinam essa porqueira, comemorada por eles com seus quase 500 mil signatários (até o fechamento desta coluna), para efeito de pesquisa eleitoral, é mais próximo da realidade do número de eleitores da esquerda do que dessas pesquisas tipo DATAFOIA que são publicadas por aí!

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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