Caricaturas de juízes: A revelação de segredos inconfessáveis
01/08/2022 às 05:57 Ler na área do assinanteO livro de Guilherme Fiuza, chamado “Fake Brazil: a epidemia de falsas verdades”, é engraçado e sério.
A capa traz caricaturas de personagens de nossa república e de nossa democracia ou, assim como os seus próprios personagens, um arremedo delas. Nos personagens da capa, tem um com a cabeça de ovo numa caixa de ovo. O conteúdo do livro é sério. Deveria ser lido por todos os brasileiros de bem que querem o bem de todos os brasileiros.
Já era, já se foi, o tempo dos juízes imparciais e neutros. Hoje, alguns juízes querem poder político para bagunçar a ordem democrática e ainda dizer, para justificar suas ações, que estão trabalhando pela democracia, numa ambição messiânica desmedida. Pensam que, assim agindo, estarão cumprindo um dever constitucional de dizer as leis e o direito. Que piada de mau gosto! O STF não tem uma seção de anedotas em sua revista de jurisprudência?
Os juízes perderam o senso de proporção. Prisões são decretadas contra perseguidos políticos sem que exista um mínimo de prova robusta das condutas indevidas. Censuras são decretadas sem a observância da liberdade de expressão. Pode até falar mal de todo mundo, menos do Supremo Tribunal Federal. Qualquer palavrinha, bem ou mal colocada, ou mal interpretada, ou interpretada de um jeitinho bem pessoal, é uma ameaça à democracia. Seria tarde demais para pedir um pouco de meio termo, de proporcionalidade?
Cadê as ameaças efetivas e sérias à democracia? Celso de Mello, o ministro do STF aposentado, escreveu uma cartinha desabafando sobre o atual Presidente da República. Nela, disse que o atual Presidente é um atentado à democracia. Mas não informou qual atentado. De certo, se baseou nas mídias que veneram políticos de cabelo lambido e penteado e de banho tomado, que repassam invencionices de WhatsApp a WhatsApp entre um e outro jornal mancomunado ao estelionato da informação.
Além disso, o STF investiga, indicia, processa e julga, tudo de uma vez. Pra quê perder tempo, não é mesmo?
Tem muita gente que tinha o sonho de ser juiz, pisou os pés na faculdade com essa intenção. Hoje está quase desistindo, mas ainda pensa, aposto, em fazer a diferença nesse meio sem coração.
Vejam que este estado de coisas não é a ruína da lei nem do direito. É a ruína do Poder Judiciário, ao menos daquele escalão regado a lagostas e coleções de relógios Rolex e de outro tanto, em escalões inferiores, com a mesma cegueira jurídica e espiritual.
Sérgio Mello. Defensor Público no Estado de Santa Catarina.
O livro de Guilherme Fiúza mencionado no texto acima, pode ser encontrado no link abaixo, no site da Biblioteca Conservadora: