O mais dissimulado traidor do presidente Bolsonaro

Tem um ex-figurão da direita, antes já até admirado por mim, quando ingenuamente falhei na leitura da sua personalidade, que acha que para alguém se eleger Presidente da República no Brasil a pessoa deva se comportar como uma "virgem vestal", um Catão ou um sacerdote.

Esse sujeito em questão está indignado porque existem pessoas se aliando ao agora candidato Bolsonaro, deturpando o que significam alianças políticas de ocasião para concluir que o atual presidente é desonesto porque tais pessoas o apoiam, referindo-se ao evento de ontem.

Essa conclusão desse indivíduo (que surpreendentemente já ocupou cargo de Ministro de Estado!) é tão pueril, mas tão pueril, que me darei o direito de sequer comentar. É um sofisma malfeito, um silogismo ao contrário, típico de quem se acha inteligente, mas é o inverso disso.

Mas apenas direi o seguinte, usando da mesma régua inflexível do cidadão: se o presidente é desonesto porque autoriza políticos profissionais a apoiarem-no na reeleição, então uma pessoa que já apoiou Marina Silva e que hoje frequenta a Velha Mídia (que critica) é o que?

Se o cidadão em questão pensa que o Presidente tem um certo "efeito esponja" para absorver características alheias, então o puritano também deve necessariamente ter absorvido o que de ruim sua ex-apoiada Marina Silva defende, e especialmente os "cacoetes" da Velha Mídia?

Óbvio que não, pois política não é puritanismo e dogma de fé, como dizia Oakeshott em um grande livro (imagem abaixo).

O cidadão em questão sabe disso, porque caso contrário como se sentiria autorizado a falar assim após ter apoiado Marina e frequentar espaços na Velha Mídia?

Mas se for aplicado ao virgem vestal tupiniquim o pensamento que ele mesmo tem, então não tem credibilidade alguma para falar algo para a direita; apenas para a esquerda, seu real público. De minha parte, sigo com o mesmo apoio a Bolsonaro, o (segundo aquele) "desonesto".