A desinibida militância da escritora Martha Medeiros no jornal (1)

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Não assino Zero Hora! E não leio, claro, os seus colunistas. Daí, só vim a ler o manifesto de Martha Medeiros intitulado "Uma escolha fácil" quando a coluna me foi enviada por uma leitora. Não parecia escrito pela delicada e gentil Martha doutros tempos: um panfleto lavrado com malícia e mistificação, ocultando a desonestidade e os métodos violentos da facção política que operou o maior esquema de corrupção no Brasil.

Martha investe na desinformação e na falta de memória do leitor médio e, forjando um verniz de benignidade para o PT, faz um apelo capcioso:

"(...) voltemos aos governos que nos desiludem, como todos desiludem em algum ponto, mas que não colocam a democracia em risco (...)".

Absurdo!

Eis uma prova cabal de risco à democracia. Em 2009, o governo Lula tentou impor ao Brasil o insidioso Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Felizmente, não conseguiu. Basta saber que, por exemplo, o PNDH previa que um juiz não poderia devolver a quem de direito um imóvel invadido sem, antes, consultar (ora quem!) os "movimentos sociais". Era a largada para implantar a pior espécie de ditadura: o totalitarismo.

E o projeto de instalar uma ditadura no Brasil nunca saiu da pauta do PT. Em 2014, Dilma Rousseff apresentou o Decreto 8243, versão repaginada do PNDH. Não conseguiu! E se tivesse conseguido, existiria hoje, entre outras degenerescências, o controle estatal da imprensa no país.

Mas para Martha, governos petistas não põem a democracia em risco. Ela deve ignorar que um dos principais Maquiavéis do PT é José Dirceu, que, em 2018, entrevistado pelo jornal espanhol El País, disse: 

"Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição."

Eu sei. Depois ele falou, ao mesmo El País, que aquela declaração "Foi infeliz". Mas a sua acidental sinceridade já estava publicada.

É a lógica revolucionária. 

György Lukács (filósofo e militante comunista húngaro) preconizou que a classe revolucionária não deveria obedecer à lei, mas apenas seguir as circunstâncias da luta de classe.

Quando da promulgação da Constituição Federal em 1988, Lula não queria que a bancada petista assinasse a Carta Magna. Depois, teve de recuar, mas não antes de o Diretório Nacional do PT, através de circular, ter "justificado" a posição do líder nestes termos:

"O PT, como partido que almeja o socialismo, é por natureza um partido contrário à ordem burguesa, sustentáculo do capitalismo. (...) rejeita a imensa maioria das leis que constituem a institucionalidade que emana da ordem burguesa capitalista, ordem que o partido justamente procura destruir".

O PT jamais revisou esse manifesto de evidente caráter totalitário. O PT não respeita a Constituição a não ser quando lhe convém ou quando não tem saída. É falácia populista, dizer que respeita a vontade popular.

Em 2005, houve o Referendo Nacional Pelo Comércio de Armas e Munição. A população votou contra o desarmamento (e a favor do direito de autodefesa). 

E o que fez o governo Lula? Respeitou a "vontade popular"?

Nada! Deu uma banana para o povo e impôs o famigerado Estatuto do Desarmamento, que (notem bem!) só reduziu o risco para os bandidos.

Nos 16 anos em que administrou Porto Alegre, o PT mostrou como considera o povo, praticando uma estrovenga chamada "orçamento participativo": cidadãos eram chamados a reuniões manipuladas por esbirros do partido, nas quais decidiam conforme a vontade... do gestor.

Esse exemplo retrata uma das características dos regimes totalitários, isto é, a indiferenciação ou confusão entre partido, governo e Estado.

Toda essa farsa, aliás, é desmascarada no livro "Herança Maldita: os 16 anos do PT em Porto Alegre", do Jornalista Políbio Braga.

Afinal, quem é mesmo que, por disposição programática, põe a democracia em risco? E nem se falou do mensalão, da corrupção na Petrobras e outras práticas parasitárias do PT. Tem mais nas próximas colunas.

Foto de Renato Sant'Ana

Renato Sant'Ana

Advogado e psicólogo. E-mail do autor: sentinela.rs@uol.com.br

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