Diante de fatos incontestáveis, velha mídia começa a 'ceder' e credibilidade de pesquisas vai pelo "ralo"
26/06/2022 às 10:38 Ler na área do assinantePara surpresa geral, a revista Veja - de forma muito tímida é verdade - levanta a possibilidade de que as pesquisas não estejam captando as reais intenções do eleitorado brasileiro e ainda fustiga os institutos de pesquisas lembrando o fiasco que eles protagonizaram – todos erraram feio nas eleições presidenciais de 2018.
Apesar de Jair Bolsonaro viver uma tempestade perfeita, aliados apostam que o PT e a oposição não estão contando com o chamado “eleitor envergonhado” do presidente – o mesmo que, segundo eles, levou os institutos de pesquisa a “errarem” o resultado das eleições, especialmente no primeiro turno de 2018.
Curioso, dias atrás em entrevista à TV BM&C, o experiente Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, fez a mesma leitura. Ele afirmou não duvidar dos números dos institutos de pesquisas, mas acreditava que uma parcela grande do eleitorado bolsonarista – pelo perfil conservador – prefere não se manifestar.
Eterno crítico das pesquisas, Bolsonaro vê agora seus interlocutores afirmarem, em reuniões políticas em Brasília, que o resultado das pesquisas com a vitória de Lula no primeiro turno – como informou o DataFolha nesta semana – estão novamente “errados”. Como em 2018.
Desta vez, contudo, esses governistas apostam que as pesquisas não estão captando aquele eleitor conservador nos costumes, convicto de direita, que jamais votaria no PT. Esses brasileiros, contudo, não estariam assumindo o voto em Bolsonaro, hoje com a impopularidade (supostamente, segundo os mesmos institutos) em forte alta.
Lula teria 47% contra 28% do atual presidente, segundo a última rodada do Datafolha. Ou seja, 19 pontos percentuais de vantagem. Em maio, a diferença era ainda maior – de 21 pontos sobre Bolsonaro.
A confiança dos bolsonaristas é ver que essa ‘popularidade de Lula’ não encontra eco nas ruas, no DATAPOVO. Enquanto Bolsonaro é aclamado por onde vai, seu adversário Lula, não teve um minuto de sossego em poucas tentativas de aparecer em público.
Em Belo Horizonte um drone jogou dejetos sobre seu comício, em várias cidades pelo país se espalharam outdoors o desconvidando a entrar na referida cidade, no seu casamento seguranças tiveram que usar gás de pimenta para afastar cidadãos revoltados e até no lançamento de seu programa de governo – evento fechado só para petistas, um manifestante invadiu o evento gritando se ‘Alckmin voltaria a cena do crime’ e chamando Lula de "corrupto".
O manifestante foi retirado e espancado pelos seguranças.
E não parou por aí, minutos depois o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) ofendeu o ex-senador Aloísio Mercadante.
Que popularidade é essa? Qual o líder nas pesquisas não pode tomar um caldo de cana na esquina sem ser hostilizado?
Fato rotineiro aliás para o presidente Bolsonaro.
Aliás qual o sinal de competitividade do candidato do PT, exceção feita as pesquisas? Zero.
Na janela partidária 79 deputados migraram de outros partidos para a base aliada do presidente (PL, Republicanos, PSC e PTB). Apenas 3 fizeram o caminho inverso.
Será que os Institutos de Pesquisas têm um faro melhor para o resultado do que sete dezenas de deputados? Acho difícil.
Eduardo Negrão
Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.