Culpar um Presidente da República pelo desaparecimento de pessoas no mato é um convite à mentira e à insanidade

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A evolução tecnológica trouxe progresso na informação. Sabemos do que ocorre quase que instantaneamente e no mundo todo. Além das coisas boas, infelizmente sabemos também das notícias falsas, tragédias. Notícias boas e ruins. Ninguém está alheio a elas.

Duas pessoas estão desaparecidas no Amazonas, mata a dentro, lugar ermo.

O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips. Parece que eram petistas, esquerdistas. Mas isso não vem ao caso, acho…

Luis Roberto Barroso, do STF (olha o ativismo aí!) deu prazo para achar os homens. Foi até criada uma comissão pelo Senado Federal e pelo CNJ - Conselho Nacional de Justiça (de novo o ativismo aí!).

Ou seja, muita gente engajada para embrenhar mata a dentro. Preocupadas com os desaparecidos? Eles devem ter parentes próximos que, sim, devem estar chorando, aflitos. Ah! Lembrei que Kant dizia que o ser humano não deveria ser visto como um meio. O resto? O resto é aproveitamento. Existem mais pessoas iguais do que outras. Sempre tem.

Toda vida vale e deve valer muito em qualquer ocasião. Mas a ocasião faz o ladrão. Alguém foi culpado? Colocaram a culpa em quem mesmo? No Presidente da República, claro.

Responsabilizar alguém por tragédias, achar culpados quando eles existem, é importante, necessário. Mas banalizar a culpa é insano e, pior, leva a verdade dos fatos ao descrédito público. A verdade é quem paga a culpa. Sintoma da pós-verdade.

Esse pessoal que torce pela mentira está atolado, enrolado. Eu diria confuso se a malícia não fosse tão escancarada. Quem gosta de mentira são filhos do diabo, porque tem um ditado que diz que o diabo é o pai da mentira.

Ainda tem gente, muita gente, que não se deixa enganar. Se eu, você, nós não tivéssemos consciência do engodo jornalístico poderíamos pedir devolução em dobro do dinheiro pago na compra da notícia, com juros e correção, mais danos morais.

Por lei, a solução é fácil. Só responde pelo dano aquele que deu causa a ele, ou seja, se tiver sido culpado.

Alguns poderiam me dizer: mas é política e em política vale tudo. Eu respondo: não, em política não vale tudo. Em política só vale tudo quando o político é desonesto e na Terra do Vale-Tudo, uma Terra sem lei. Pelo que vejo o Brasil ainda não chegou lá. Está quase!

Sérgio Mello. Defensor Público no Estado de Santa Catarina.

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