A coragem do senador Joe Manchin – e a estupidez de Guga Chacra e Caio Blinder
23/05/2022 às 11:47 Ler na área do assinanteO senador Joe Manchin assumiu para si um protagonismo gigantesco. Com um Senado americano completamente dividido, a sua posição a respeito de diversos temas ganha outra dimensão pelo seu histórico de trabalhar por uniões bipartidárias. E mesmo sendo um democrata, Manchin bate de frente com seu partido e mostra uma coragem elogiável para fazer o que julga ser o correto.
Sua posição mais recente foi o voto contrário a uma tentativa do governo Biden em passar um projeto de lei para federalizar o aborto, tornando a prática legal em todo o território americano. Essa iniciativa veio logo após um documento da Suprema Corte indicar uma revisão de Roe vs Wade – a infame decisão que liberou o assassinato de bebês. Mesmo com a choradeira de figurões do Partido Democrata como Bernie Sanders, o senador Manchin não arregou e manteve a sua oposição ao infame projeto.
A postura do senador Manchin é elogiável. Sua firmeza em defender posições espinhosas é tarefa das mais difíceis, ainda mais quando se lida com a militância esquerdista enragé. O experiente político da Virgínia Ocidental se transformou na divisa entre a civilização e a barbárie, e contra todos os esforços do governo Biden, vem optando pela primeira opção. Não é exagero dizer que ele está salvando a América de um triste fim.
Pois bem, o sr. Guga Chacra viu na defesa do impeachment do ex-presidente Donald Trump por parte do senador Mitt Romney o cúmulo do altruísmo. Romney é filiado ao Partido Republicano assim como Trump, mas ambos nunca se deram bem após a eleição de 2016. O senador de Utah é classificado como RINO – republican in name only, ou seja, republicano só no nome – e é persona non grata para os conservadores americanos pela sua fraca fidelidade aos ideais do partido.
Um republicano votando para condenar Trump em um processo absolutamente partidário, revanchista e sem base legal foi digno de elogios do sr. Guga Chacra. Mas ele não fez um elogio para o senador Manchin, que bate de frente com seus colegas democratas e faz da coragem um norte para defender seus posicionamentos. Quando um indivíduo tido como direitista anda de mãos dadas com a esquerda, é coragem elogiável. Quando é alguém de um partido esquerdista fazendo o mesmo com a direita, aí não merece elogios. É a boa e velha duplicidade dos imbecis iluminados.
A estupidez da grande mídia brasileira é coisa fora de dúvida. Percebe-se facilmente a incultura dos almofadinhas do beautiful people ao comentarem algum assunto relativo ao nosso país, mas quando os supracitados falam sobre política americana a coisa piora ad infinitum. Parece que contam com o desinteresse do público para empurrarem goela abaixo as narrativas mais estúpidas possíveis. E no caso do sr. Caio Blinder, mentiras.
Caio Blinder comentou a carnificina cometida por um supremacista branco em Nova York. Sim, o sujeito é um racista confesso, além de um criminoso infame com sangue nas mãos. Pois bem, o sr. Blinder não perdeu a oportunidade de culpar Donald Trump, o Partido Republicano e a direita americana pela tragédia, pois ambos defenderiam a teoria da ‘’Grande Substituição’’ – uma ideia que consiste em um plano do Partido Democrata em substituir a população americana nativa por imigrantes latinos ou muçulmanos. E ainda teve a coragem de citar Tucker Carlson como porta-voz dessa sandice.
O sr. Blinder mistura alhos com bugalhos de forma intencional. É verdade que os democratas fazem vista grossa para a imigração ilegal e são entusiastas de uma mudança demográfica nos EUA. Mas os republicanos não apontam esse detalhe por uma motivação racial – como o nosso querido jornalista diz – ou algo do gênero. A ideia aqui é outra: a esquerda americana quer imigrantes ilegais para colocá-los em estado de dependência eterna dos auxílios estatais, criando uma massa de eleitores democratas fiéis. Com mais dependentes do governo, o tamanho do mesmo aumenta, o que rende inúmeros dividendos políticos aos amantes do estatismo. É isso que o Tea Party, os trumpistas e demais lideranças e movimentos direitistas sempre miraram ao criticar a política de fronteiras abertas. Nada a ver com supremacismo branco, Ku Klux Klan ou tutti quanti.
A defesa do capitalismo e da economia de mercado é incompatível com a aceitação de uma determinada parcela da população dependente dos auxílios econômicos estatais. Uma vez nos EUA, um imigrante ilegal dificilmente terá as mesmas oportunidades dos legais ou cidadãos natos. Além, é claro, de não haver o menor interesse dos democratas em oferecer qualificação e oportunidades aos supracitados. O sr. Blinder sabe disso. Se oferece outro diagnóstico da realidade, é por desonestidade pura.
A cereja do bolo foi oferecida pelo próprio criminoso: “conservadorismo é corporativismo disfarçado, não quero fazer parte disso”. Culpar as tais ‘’vozes cada vez mais influentes no movimento conservador’’ após a rejeição do assassino supremacista é pilantragem intelectual.
Guga Chacra e Caio Blinder são meros repetidores das narrativas da grande mídia americana. Ambos não fazem mais do que requentar as mentiras do mainstream democrata. Na imprensa brasileira, a pose de superioridade parece valer mais que estudo sério e conhecimento da realidade – a estupidez de ambos só reafirma isso.
Carlos Júnior
Jornalista