"O Procusto Tupiniquim": Professor dá aula de “Lógica Aristotélica” a Moraes
19/05/2022 às 14:11 Ler na área do assinante“O que se exige do homem é que seja útil ao maior número de semelhantes, se possível. Caso não consiga, sirva a poucos, ou aos mais próximos, ou a sí mesmo”. (Sêneca - Da vida retirada, pág. 22).
A mais indecente declaração dada por uma autoridade brasileira contra o próprio povo foi proferida por Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo, na noite de sexta-feira (13), em participação no XXIV Congresso Brasileiro de Magistrados, em Salvador-BA. Frente a uma grande plateia de togados, o imortal bradou:
"A internet deu voz aos imbecis. Hoje, todo mundo é especialista. A pessoa coloca terno, gravata, um painel falso de livros atrás e começa a falar, desde guerra na Ucrânia até (sobre) gasolina, passando pelo Judiciário, e acaba sempre atacando o Supremo. Coloca uma legenda de 'professor' e se vende como especialista".
Os ministros-progressistas-supremos acreditam que são deuses. Acreditam que podem falar infantilidades e isso soar como palavras divinas e acreditam que desceram à terra para guiar a nação brasileira, o que é uma piada de tremendo mau gosto.
Um desses falsos deuses, sem cabelo no coco, é o nosso “Procusto tupiniquim”.
Na mitologia grega, “Procusto” era o cruel dono de uma pequena propriedade em Corídalo, na Ática, a meio caminho entre Atenas e Eléusis ou Eleusina, onde eram realizados os misteriosos rituais de adoração aos deuses. Ele tinha um senso de hospitalidade típico: sequestrava os viajantes que por ali passavam, oferecia-lhes um generoso jantar e depois os convidava a passar a noite em uma cama bastante especial. “Procusto” queria que o viajante se encaixasse perfeitamente na cama.
Em outras versões da história mitológica, “Procusto” aparece como um homem de estatura e força extraordinárias que vivia nas colinas da Ática, onde oferecia sua pousada a viajantes solitários. Quando o viajante dormia, era amordaçado e amarrado na cama.
Em outra versão, “Procusto” surge como um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, ele tinha uma cama de ferro, de tamanho ideal imaginado por ele, para a qual convidava todos os viajantes a se deitarem.
Em todas as versões do mito, “Procusto” sempre se mostra como um homem bom, gentil, sensível, justo, que oferecia sua casa como abrigo a qualquer viajante necessitado. Mas esse homem de coração generoso tinha um propósito: queria que os viajantes fossem exatamente do tamanho de sua cama: se eram altos demais, decepava-lhes os membros com um machado afiado; os que eram baixos, ele os esticava de modo a preencher toda a extensão da cama.
“Procusto”, significa “o esticador”.
A deusa Atena incomodada pelo clamor das vítimas de “Procusto” vai procurá-lo e tenta convencê-lo a mudar de atitude, mas fica horrorizada quando “Procusto” informa que os seus atos eram corretíssimos, “sua cama estava apenas fazendo justiça, pois ela aperfeiçoava as diferenças entre os homens”.
Mas “Procusto” provou de seu próprio veneno. Um dos viajantes que passava por aquelas bandas era Teseu (herói grego), que foi convidado gentilmente a se alojar e passar a noite na pousada. Após o costumeiro jantar, Teseu fingiu dormir, surpreendeu, lutou e conseguiu dominar Procusto e o amarrou em sua própria cama e então, para que coubesse perfeitamente, ele o decapitou cortando-lhe a cabeça e os pés.
Como eu disse antes, Moraes é o nosso “Procusto tupiniquim”.
Moraes, assim como “Procusto”, deitou o Brasil e os brasileiros em sua cama de regulamentos e os recorta, lentamente. Não poucas vezes ele usa suas próprias leis para fazer o “enquadramento”. Corta, estica, puxa, porque considera que os brasileiros (os que ainda se consideram livres) não cabem em suas medidas, e então aplica mais sanções para subjugá-los, mais palavreado oco para enquadrá-los, mais justificativas para escravizá-los e prendê-los.
A Psicologia explica a “síndrome de Procusto” como “um transtorno mental particular” que leva o portador a sentir uma dor aguda. Uma espécie de tristeza pelo sucesso de outras pessoas. Inveja e vingança acometem os possuídos pela síndrome, pois se sentem ameaçados pelos méritos e qualidades das outras pessoas.
Por esta razão, ele não tolera que outros demonstrem atributos maiores em certos campos. Em suas ações, muitas vezes, o indivíduo se mostra injusto, chegando mesmo a sabotar os planos das pessoas ao seu redor. Dessa forma, a pessoa que sofre da “Síndrome de Procusto” passa a viver em um mundo que ele constrói em sua mente. Isto é, em um universo paralelo que a leva a se desconectar da realidade.
Teria nosso “Procusto tupiniquim” inveja do Presidente? Teria inveja dos brasileiros livres que utilizam a internet e dizem o que querem e como querem, somente porque são livres?
Teria inveja porque ele e os seus pares não podem sair às ruas sem sentirem o desprezo do povo brasileiro?
Sua inveja se torna mais forte quando o Presidente vai a feiras, congressos, farmácias, come pastel e bebe caldo-de-cana nas ruas e é abraçado efusivamente pelo povo?
Moraes é brasileiro. Moraes, assim como seus pares usa a internet. Moraes ofendeu todos brasileiros conscientes que usam a internet, chamando-os de imbecis.
Moraes é o nosso “Procusto tupiniquim” e eu serei o “Teseu” de Moraes e contra ele usarei uma grande arma: a lógica aristotélica, ou um silogismo simples.
Na forma clássica o silogismo é um argumento dedutivo constituído de três proposições declarativas (duas premissas e uma conclusão) que se conectam de tal modo que, a partir das duas primeiras (as premissas), é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aristóteles nos “Analíticos anteriores”.
Aplicando a lógica e utilizando o que disse Moraes, ficamos assim:
“A internet deu voz aos imbecis.
Moraes usa a internet.
Logo, Moraes é um imbecil”.
Simples, assim, seu Moraes! Essa é a lógica ensinada por Aristóteles: sabendo que a internet deu voz aos imbecis (premissa maior) e que Moraes usa a internet (premissa menor) podemos concluir que Moraes é um imbecil.
Pela lógica de suas palavras elas se voltam contra Moraes e separam sua cabeça de coco do pescoço. Cortam seus pés. Aniquilam seu pensamento e transformam o “Procusto tupiniquim” em um ridículo anão mental.
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)