A emancipação da mulher saudita e o direito de cuidar de si
28/09/2016 às 08:14 Ler na área do assinanteSer mulher, em qualquer lugar do mundo, ainda não é fácil e se enfrenta uma série de restrições simplesmente pelo fato de não ter nascido homem. As restrições à liberdade e à autonomia das mulheres muçulmanas não são as mesmas no mundo árabe.
Há países muçulmanos em que a burca já foi completamente abolida, as mulheres participam do pleito eleitoral, frequentam universidades, dirigem seus carros e trabalham.
Em outros, entretanto, elas não têm qualquer autonomia e são tuteladas pelos homens da família, seja o pai, o marido, ou o irmão e, na falta desses, dependem de um parente mais próximo, como um tio ou um primo.
Mais de 14.000 mulheres da Arábia Saudita assinaram uma petição on-line para pedir o fim da lei da tutela masculina no país.
Até hoje, a legislação nacional prevê que todas as mulheres precisam ter um homem como guardião legal, que tem o direito de decidir se podem estudar, fazer um passaporte e até se casar. O papel costuma ser exercido por um marido, pai, irmão ou até filho, no caso de viúvas.
A petição ganhou adeptas depois que começou a ser divulgada nas redes sociais, por meio da hashtag #SouMinhaPrópriaGuardiã, em tradução para o português. Segundo Aziza Yousef, idealizadora da campanha, o objetivo é que o governo reconheça as mulheres como “cidadãs completas”.
Um dos pedidos é que a partir de certa idade, entre 18 e 21 anos, as sauditas passem a ser “tratadas como adultas” e possam tomar suas próprias decisões.
A petição foi entregue recentemente ao governo ultraconservador da Arábia Saudita, que ainda não emitiu uma resposta. Yousef, que começou a levantar o debate há cinco anos, nunca recebeu atenção das autoridades. “Nunca tivemos problemas com campanhas, só com o fato de que não recebemos resposta”, disse em entrevista à rede BBC.
Apesar de mudanças na legislação em 2009 e 2013, que tornaram a violência doméstica ilegal e deram liberação para que as mulheres trabalhem, o poder masculino ainda rege grande parte da vida das sauditas.
Mesmo com apoio de muitas mulheres, artigos de oposição à proposta também circularam na internet. Grupos islâmicos radicais criaram a campanha “A guarda é por ela, não contra ela”, alegando que o sistema faz parte da religião adotada oficialmente pelo país. Por outro lado, concordaram que a legislação precisa de uma mudança, para impedir que as ordens masculinas sejam contrárias a princípios religiosos.
Algumas restrições são atribuídas as mulheres tais como: Ir à Justiça contra agressões; viajar sozinhas; usar roupas normais; conversar com homens; participar de competições esportivas; ir ao médico sozinha;
Segundo relatório de 2013 do Fórum Econômico Mundial, a Arábia Saudita é um dos países com a maior desigualdade entre gêneros do mundo, ocupando a 127a posição entre os 136 países pesquisados.
Pio Barbosa Neto
Professor, escritor, poeta, roteirista
(Fontes: segredosdomundo.r7.com/ www.ehow.com.br/www.oieduca.com.br/ pt.wikipedia.org/ )
Pio Barbosa Neto
Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará