Os donos da mentira

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“Mentira toda ela. Mentira de tudo, em tudo e por tudo. Mentira na terra, no ar, até no céu, onde, segundo o padre Vieira (que não chegou a conhecer o sr. Urbano Santos), o próprio sol mentia ao Maranhão, e direis que hoje mente ao Brasil inteiro”. (O Reino da Mentira – Rui Barbosa).

Neste 3 de maio de 2022, comemorou-se o dia da “liberdade de imprensa” em todo mundo. E, como não podia deixar de ser, jornalistas de todos os tipos se vitimizaram e fizeram mimimi numa cena ridícula de coitadismo se dizendo vítimas disso e daquilo.

Bonner, em especial, citou que o Brasil está na vergonhosa posição (110º) do ranking dos “Repórteres sem Fronteiras”. E jogou confete em si mesmo e em seus companheiros exaltando o quanto são honestos, confiáveis, sinceros e que prestam um excelente serviço à sociedade e ainda disse que sem imprensa não existe democracia.

É o contrário Bonner: somente a democracia permite a existência de uma imprensa livre. A democracia não depende e nem nunca dependeu da imprensa.

Pois bem, vou fazer, aqui, algumas considerações doloridas: jornalismo é uma profissão como qualquer outra e não é mais importante do que a profissão de vendedor de picolés, de um engenheiro, de um lixeiro, de um pescador.  Não. Jornalista arranja emprego e ganha a vida vendendo notícias. Jornalista não é dono de jornal, portanto, jornalista fala e escreve o que o dono do jornal manda, senão ele é demitido.

Basta ver os exemplos recentes de Alexandre Garcia e Caio Coppola que foram excluídos da CNN porque usaram da liberdade de expressão dentro do quadro “liberdade de expressão”. “Pode isso, Arnaldo”?

Bonner foi ao site dos “Repórteres sem Fronteiras” buscar sua informação. Eu também fui. E lá estão descritos os critérios que eles usaram para analisar e formar o ranking: Cenário de mídia, Contexto político, Enquadramento jurídico, Contexto econômico, Contexto sociocultural, Segurança.

Eis o que Bonner não disse e eu exponho sobre o “Cenário de mídia” no Brasil:

“O cenário midiático brasileiro é marcado pela alta concentração da propriedade privada, marcada por uma relação quase incestuosa entre os círculos políticos, econômicos e religiosos. Dez grandes conglomerados corporativos, de propriedade do mesmo número de famílias, dividem o mercado. As cinco maiores são Globo, Bandeirantes, RBS, Record e Folha. O trabalho independente dos jornalistas está em constante risco, pois a imprensa sofre forte interferência do governo”.

Sim, é isso o que está escrito lá. Releia novamente e reflita sobre a frase: “O cenário midiático brasileiro é marcado pela alta concentração da propriedade privada, marcada por uma relação quase incestuosa entre os círculos políticos, econômicos e religiosos”.

Segundo os “Repórteres Sem Fronteira”, a imprensa é privada no Brasil. A imprensa não é do governo. Não é controlada pelo governo. Dez grandes grupos divulgam as notícias que querem e da forma que bem entendem. E afirmam os “Repórteres sem Fronteiras” é marcada por uma relação quase incestuosa entre os círculos políticos, econômicos e religiosos”.

Mas, na última frase eles se contradizem e afirmam: “O trabalho independente dos jornalistas está em constante risco, pois a imprensa sofre forte interferência do governo”.  Ora, se a imprensa é privada, dez grandes grupos e suas famílias dominam tudo, e os jornalistas não são empregados do governo, então como o governo interfere em seus trabalhos?

A interferência não seria dos donos dos jornais, dos dez grandes grupos, das dez famílias que dominam a comunicação no Brasil?

O governo ameaça jornalistas ou os jornalistas brasileiros tem a liberdade de chamar o Presidente do Brasil de todos os nomes pornográficos que eles conhecem, de desejar e pedir abertamente sua morte, de todos os dias inventar escândalos inexistentes no governo, de divulgar mentiras e mais mentiras sobre o governo, pedir a deposição do governo e nada acontece com eles?

É isso que todos os brasileiros vêem ao ligar a TV e assistir jornais ou ler revistas e blogs desses mesmos grupos de mídia.

E a conclusão que a população chega é simples: os jornalistas brasileiros, em sua grande maioria, obedecem ao patrão, divulgam apenas as notícias que lhes interessam, fazem coberturas de atos que estão de acordo com sua ideologia, fazem o jogo político contra este ou aquele governante e são como urubus em busca de carniça.

No site ainda diz que existe 1 jornalista preso no Brasil, mas não diz quem mandou prendê-lo. Nem Bonner disse. Mas eu digo: foi o STF. E digo mais: a perseguição a jornalistas, blogueiros, jornalistas independentes, em nosso país é sempre feita pelo poder judiciário a pedido do próprio judiciário que se acha intocável. Mas isso Bonner não disse. Por quê?

Porque o jornalista brasileiro, em sua grande maioria, diz aquilo que o dono do jornal manda ele dizer.

Mas os “Repórteres sem Fronteiras” nos itens descritos acima falam de Bolsonaro: “A relação entre a imprensa e o governo se deteriorou muito desde a posse do presidente Jair Bolsonaro. Ele ataca regularmente jornalistas e a mídia em seus discursos”. Respondo:

- Não, Bolsonaro não ataca jornalistas, mas crítica suas mentiras. Quantos jornalistas Bolsonaro mandou prender? Quantos jornalistas Bolsonaro mandou demitir? Quantos jornalistas foram perseguidos por Bolsonaro? Nenhum!

Isso é democracia. Você me critica e eu tenho a liberdade de responder. É o que faz o Presidente. Simples, assim!

Dizem os “Repórteres sem Fronteiras” no Contexto político:

“A ascensão de Bolsonaro ao poder em 2018 criou uma situação especialmente complicada para a imprensa brasileira. O presidente insulta regularmente os jornalistas e a mídia. Ele mobiliza exércitos de apoiadores nas redes sociais, como parte de uma estratégia afinada de ataques coordenados que visam desacreditar a imprensa, rotulada como inimiga do Estado”. Respondo:

- Ora, ora belezocas, vocês afirmaram que a imprensa é privada, não é governista e agora dizem que são insultados. Criticam, mas não querem ser criticados. Se juntam em “consórcio de imprensa”, mas não admitem que redes sociais façam o mesmo. Rotulam os que não comungam de suas ideias, mas não querem ser rotulados. Desacreditam as pessoas e o governo e não querem ser desacreditados. É essa a democracia dos “jornalistas”?

Dizem, ainda no Contexto sociocultural:

“A retórica agressiva do governo Bolsonaro em relação aos jornalistas e à imprensa tem contribuído para o fortalecimento de uma atitude hostil e desconfiada em relação aos repórteres na sociedade em geral. A ampla disseminação de desinformação continua a envenenar o debate público”.

- Uau! Então a população vai às ruas no dia da “Independência do Brasil” e os jornalistas brasileiros escrevem nos jornais que foi um “ato antidemocrático”.
Os brasileiros saem, novamente, de forma ordeira, vestidos com as cores do país, no “Dia do Trabalho” e os jornalistas, de novo, rotulam o ato como “antidemocrático”.

Quem, em qualquer parte do mundo, acreditará em jornalistas desse tipo?

Antigamente havia um pouco de vergonha nos jornais do “Consórcio de Imprensa”. Hoje, isso não importa mais: é constrangimento por cima de constrangimento.

Imprensa, STF, Partidos de esquerda, o chefe do Comitê de Direitos Humanos da ONU, “Jornalistas sem Fronteiras” tentam impor aos brasileiros, como se todos fossem um bando de lesos, de pessoas infantilizadas, bestializadas, a qualquer custo, uma narrativa fantasiosa, uma espécie de sonho manipulado, mas a realidade desmente essas narrativas de modo incontroverso, desmascarando e contestando tudo o que esses malandros afirmam sobre a nação, sobre o governo e sobre o povo brasileiro.

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Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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