O caminho seguido para desvendar o pagamento de propina para Guido Mantega

23/09/2016 às 07:00 Ler na área do assinante

Tudo o que havia dito em depoimento para o Ministério Público Federal (MPF) no dia 20 de maio, o empresário Eike Batista comprovou documentalmente.

O pedido de R$ 5 milhões para o PT, feito por Guido Mantega, foi demonstrado com a apresentação da agenda oficial com o ministro no dia 1º de novembro de 2012, o registro de voo, contratos falsos firmados com empresas do marqueteiro João Santana e os comprovantes de transferência de uma conta sua no exterior para a conta do casal João Santana e Mônica Moura em nome da offshore Shell Bill Finance – de US$ 2,3 milhões, em 2013.

Eike procurou o Ministério Público após ter sido encurralado por dois delatores, ex-executivos de suas empresas, que apontaram fraude numa licitação de quase 1 bilhão de dólares na Petrobras, vencida pelo empresário, através da OSX Construção Naval.

Mesmo assim, Eike sustentou que o R$ 5 milhões para Mantega não se tratava de propina, mas sim de doação eleitoral.

A versão de Eike não satisfez o juiz Sérgio Moro.

No despacho que autoriza a deflagração da 34ª fase da Lava Jato, o magistrado assinala que Eike Batista sustentou que o depósito de USD 2.350.000,00 tratava-se de doação eleitoral.

‘O problema é que a transferência de recurso foi feita por meio subreptício, através de contas secretas mantidas no exterior e com simulação de contratos de prestação de serviço, meio bem mais sofisticado do que o usual mesmo para uma doação eleitoral não contabilizada’, observou Moro. ‘Além disso, seu interlocutor teria sido o então Ministro da Fazenda, a quem não cabe solicitar doações eleitorais ao partido do governo, ainda mais doações subreptícias’.

O detalhe elucidativo, muito bem observado por Moro, que obviamente descaracteriza uma eventual doação eleitoral, é que o repasse foi feito a Santana em 16 de abril de 2013, ‘ano no qual não houve eleições’.

‘E mesmo considerando a data da solicitação, 1º de dezembro de 2012, igualmente após as eleições municipais daquele ano’, arremata Moro.

da Redação

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