Os maconheiros estão brincando com fogo

15/04/2022 às 17:29 Ler na área do assinante

É ‘descolado’ falar em favor da liberação da maconha e citar Amsterdã e a Califórnia como exemplos. Foi exatamente com essa ideia em mente que o cidadão Raphael Jara e a artesã Elizabeth Vanucchi decidiram há pouco mais de um ano vender artigos para quem consome maconha.

Mais do que um kit do mundo canábico, os dois criaram um projeto chamado Sativart, que une maconheiros e ilustrações de diferentes artistas pelo Brasil.

A iniciativa ousada, que teve início em Campo Grande (MS), já chegou a 33 cidades e a dupla quer ir mais longe. Segundo Raphael, que trabalha em um laboratório de inovação, a ideia é levar o projeto para o Canadá e ser uma vitrine para outros países.

Por aqui, eles comercializam um estojo chamado Livreto Sativart, que é um estojo de bolso para levar tudo o que necessário para “bolar um”, explica. Dentro tem seda, piteira e isqueiro. Além disso, os kits são colecionáveis, já que cada um traz uma ilustração de algum artista parceiro.

“A gente vende esses kits colecionáveis, anota o que foi vendido e na virada do mês, a gente faz um Pix para o artista. É uma forma da cena canábica estar apoiando a cena artística de todo Brasil”, diz Raphael.

Evidentemente, por ser ilegal no Brasil, diferente de outros países que tem o mesmo serviço, a maconha não é enviada no pacote. Apesar da venda e consumo de maconha serem proibidos, o comércio de produtos ligados a ela é legal e os acessórios são encontrados em conveniências e tabacarias.

Até aqui tudo parece lindo. Permitam-me falar o que acontece no mundo real do tráfico de drogas (do qual a maconha é a porta de entrada), na costa leste americana, especialmente no liberal estado da Califórnia e também nos estados americanos do Novo México e em Nevada.

Muitos americanos investiram nesse novo e promissor negócio, inclusive celebridades como Beyoncé, Justin Bieber e Snoop Dogg e centenas de empresários desconhecidos.

E o que acontece é que os mega-traficantes mexicanos perceberam que essas lojas poderiam ser uma fachada legal para seus negócios e começaram a comprá-las. Quase sempre eles oferecem o dobro ou até o triplo do valor, mas quando o proprietário recusa vem as ameaças de morte, incêndio criminoso e, em ultimo caso, a execução do proprietário.

Sentiu como esse lance de ‘liberação da maconha’ abre as portas do inferno?

Mas fique tranquilo se for o Justin Bieber ou a Kim Kardashian ninguém vai mexer com você.