Lula pode não ser o candidato do PT

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Lula esteve neste último final de semana no Paraná, em um tímido movimento de iniciar suas tardias aparições em público.

Ficou nítido o motivo da demora de colocar os pés nas ruas e ter contato com pessoas fora de seus acastelamentos.

A excursão foi um show de horrores, desde o pequeno público, equipado com o clássico boné vermelho dos invasores de terra, regados à mortadela em uma desordem caótica, em um campo barrento sem qualquer organização.

O último prego no caixão foi o palanque improvisado de madeira, assemelhado a caixotes de feira, com uma aparência tão precária que, para a decepção do pequeno grupelho, Lula se recusou veementemente em subir no púlpito e tomar a palavra.

Não menos deprimente foi ver o linchamento vocal que atravessou a cada esquina que sua caravana dobrava em Curitiba, que o PT logo colocou na conta de “vazamento do trajeto à Bolsonaristas”. Aliás, o descondensado passar por Curitiba é um deboche de marca maior, tipo da persona canhestra do Luiz Inácio.

Contei o caso acima para expor a precariedade, desorganização, falta de apoio, de estrutura, de staff e da máquina em que está enfrentando a empreitada de Lula, na tentativa de retornar ao Palacio do Planalto - sua cena do crime – em outubro próximo.

Vimos esses momentos dantescos, de uma simples descida do candidato número um em todas as pesquisas de sua torre de marfim, faltando 6 meses para o povo ir às urnas. E isso só vai piorar.

Lula não é o mesmo de 2002 e menos ainda o de 2006.

No primeiro ano ele tinha o vigor, a força e o timing corretos para entrar no cenário político e ainda tinha o benefício da dúvida. Já no segundo, totalmente conhecido, tinha a máquina estatal ao seu comando, para turbinar sua reeleição, e muitos acordos espúrios Brasil afora que puderem lhe proporcionar uma vitória acachapante.

Em 2022 o cenário é diametralmente oposto, Lula não tem mais o vigor de outrora - ainda que exiba um par de coxas photoshopado e uma mulher mais jovem do que a ex-esposa ao seu lado, no intuito de mostrar uma imagem de força, preparo físico e virilidade – também não tem mais a máquina estatal entranhada pelo PT ao seu dispor e muito menos o timing daquela época, ainda que a mídia, oposição e demais picaretas vendam que o momento perfeito de seu retorno é esse, que o Brasil clama por sua volta por cima da Lava Jato, de Sérgio Moro e de Bolsonaro. Estão redondamente enganados.

Na verdade Lula não está enganado, os parasitas que lhe orbitam sim, esses acreditam no cenário otimista, acreditam em uma vitória já no primeiro turno, enquanto o próprio condenado nega com veemência essa possibilidade. Lula está fazendo todos de palhaço. Ele está velho, desinteressado, cansado e tem um resquício de biografia – para seus apoiadores – a zelar.

Ele sabe o que significaria entrar nessa guerra para não sair vitorioso, ter o último capítulo de sua história melancolicamente encerrado, com uma derrota pessoal, direta e pessoal para Jair Bolsonaro nas urnas.

Ele sabe do apoio e popularidade que Bolsonaro verdadeiramente tem e em seu âmago ele tem conhecimento do desvio e hiperinflação das pesquisas eleitorais, que de forma caricata esbanjam um falso primeiro lugar a fim de manter o hype de Lula, da oposição e da mídia nas nuvens, no ápice do engajamento esquizofrênico.

Lula a todo momento afirma para a base que ainda não é candidato, que tem exigências e adequações para que isso se concretize, desde o programa de governo do partido até o arranjo da chapa e suas negociatas. Sabe da sua baixa popularidade, entende que não pode sair às ruas, pois a sociedade lhe castiga, uma vez que o judiciário lhe poupou de forma vergonhosa.

Ele está acuado, vive de lives e videochamadas longe do mundo real, enquanto seu grande rival é recebido com honrarias e multidões em qualquer esquina que pare.

Existe aquilo que considero uma única condicionante para Lula entrar de cabeça e sem medo no pleito deste ano oficialmente como candidato: a garantia do judiciário via STF e TSE, que independente de qualquer resultado, sairá vencedor nas eleições de 2022. E essa garantia ele ainda não tem, mas isso é assunto para outro momento. Observemos a corrida eleitoral e seus players com perspicácia, pois na conjuntura atual Lula não será o candidato do PT.

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Rafael Lougon

Advogado, Comentarista Político e Editor do Site Entregas do Governo. https://www.entregasdogoverno.com/


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