O peso da tensão move o mundo pós-moderno, fragmenta relações, dissipa a ira, a contenda, faz nascer às guerras, fomenta a tirania dos orgulhosos, a soberba dos arrogantes, a fúria dos insensatos.
Percorrendo a história humana, a que se notar uma face obscura de violência extremada a mutilar nações, a deixar órfãos filhos, a gerar um intenso e profundo caos no seio da realidade social.
Torna-se cada vez mais difícil estreitar relacionamentos, cultivar amizades mesmo porque em nossos dias o comércio do corpo, do sexo fácil, assemelha-se a um grande mercado onde se vende em atacado o que se anuncia nas páginas de um jornal qualquer das grandes metrópoles.
O que ocorre neste instante inevitavelmente é que estamos em guerra contra tudo e contra todos entregues a sorte de um destino que nos impulsiona a bradar contra seus termos como um animal ferido que maquina e deixa rastros de fúria fazendo jorrar no chão, a ira que desatada no peito, faz doer à carne fazendo-a sangrar.
Não há como evitar o desconforto de conviver com uma realidade movida pelo desgaste das relações, pelo consumismo exacerbado que alija pessoas a uma condição servil, selvagem, entregues aos seus delitos e pecados, a um viver desumano ausente de sentido, imerso em teias de escuridão e medo.
Percebo que o mundo padece seus males em torpes roupagens, onde a paz roubada que o tempo acolhe em segundos de profunda tensão, deixa suas marcas nas paredes de um lugar qualquer, em forma de violência estereotipada, crimes sem castigo, sepultando seus mortos, oriundos de uma guerra interminável que não conta mais suas vítimas fatais no corredor de um universo a viver seus males, cultivando sua herança de sangue e morte em todo o lugar.
No íntimo, somos o retrato destes dias turbados, espelho de violência vestida, entregues ao desconforto destes tempos despidos de alegria, envoltos numa triste realidade que tenta aniquilar em céleres segundos suas vítimas, sem ao menos tentar sarar suas feridas, deixando-as abertas, fraturas expostas que nos remetem a certeza de que este velho mundo fadado ao caos padece seus males, patente aos nossos olhos nus e humanos, crises que por muito tempo ainda vão está na penumbra de instantes decompostos de paz, a espera de quem ouse acenar suas mãos em busca de auxílio e ajuda, tentando sobreviver.
Pio Barbosa Neto
Professor, escritor, poeta, roteirista
Pio Barbosa Neto
Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará