A importância da "neutralidade" do Brasil: O que a extrema imprensa não vai te contar
26/02/2022 às 12:23 Ler na área do assinanteDesde que a Rússia invadiu a Ucrânia, estão "pipocando" vários "emocionados", reproduzindo o discurso da esquerda e da imprensa (que são basicamente a mesma coisa) e dizendo que o Presidente deve "repudiar severamente" as ações de Putin.
Calma, Justiceiro das Causas Perdidas. Respira! Eu sei que guerra é algo horrível e as imagens divulgadas pela mídia internacional (que já devíamos estar cansados de saber que SEMPRE elege um lado) são extremamente comoventes. Mas vamos entender pelo menos o básico do que está acontecendo, antes de nos tornarmos conselheiros do Itamaraty para política externa.
Primeiro: Vale lembrar que há pouquíssimo tempo a esquerda defendia a Rússia nessa história, pois considerava que a entrada da Ucrânia na Otan significava um "avanço do imperialismo americano".
O discurso só mudou porque o decrépito Joe Biden, queridinho da militância, se tornou Presidente das terras do Tio Sam.
Ou seja, a discussão não é de hoje. Pelo contrário.
Vamos começar voltando um pouquinho no tempo e entendendo O QUE É A OTAN.
A "Organização do Tratado do Atlântico Norte" foi criada em 1949, no início da Guerra Fria, para "conter o avanço do comunismo (leia-se URSS) no ocidente". Inicialmente, era composta por 13 países: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Holanda, Portugal e Reino Unido.
A URSS, porém, se dissolveu em 1991, mas a OTAN continuou viva, ativa e promovendo a adesão de novos países, inclusive de ex membros do Bloco Soviético, como Lituânia, Estônia e Letônia, que aderiram em 2004.
Em 2014, após a deposição de Víktor Yanukóvytch, que era próximo de Putin e se negou a aderir à União Européia, o aumento de rumores sobre a entrada da Ucrânia, que possui mais de 1500 Km de fronteira com a Rússia, na Otan, já foi motivo de um grande desconforto no Kremlin, que respondeu anexando ao seu território a península da Criméia, reivindicada pela Ucrânia como República autônoma.
Após a posse de Biden, as provocações sobre o assunto se tornaram mais frequentes e passaram a contar com o apoio explícito de alguns líderes europeus, que têm imenso interesse no controle da região, o que fez com que as tensões se elevassem novamente.
O assunto é extremamente longo, denso e, para compreendê-lo completamente, seria necessário um livro de muitas páginas. Então, vamos focar nos interesses principais: A Europa quer o controle da Ucrânia, pois o país é o principal fornecedor de gás para o continente. A Rússia não quer a OTAN na Ucrânia, pois ficaria com 1500 Km de fronteira "vulnerável". Vale lembrar que outros países vizinhos já aderiram à organização e a fronteira oriental do gigante Euro-asiático, após o Pacífico, é justamente com EUA e Canadá (o Alaska, inclusive, já foi território Russo. Lembram?).
As grandes potências ocidentais "blefaram" e Putin, com o respaldo da China, "pagou pra ver".
Agora, prestem bem atenção no que vai acontecer daqui pra frente: Em pouquíssimo tempo a Ucrânia se renderá. A Europa, que é dependente do gás ucraniano, negociará com a Rússia e os EUA não moverão uma palha pelo assunto. No máximo, ameaçarão sanções e publicarão algumas notas de repúdio. Não será dessa vez que eclodirá a Terceira Guerra Mundial.
E O BRASIL?
O Brasil cala a boca! É briga de cachorro grande, que não tem nada a ver com a gente. De preferência, mantemos amordaçado o general de pantufas que ocupa nossa vice-presidência, antes que ele resolva ter outro "arroubo de macheza" e fazer mais um discurso belicoso sobre uma situação onde estão envolvidas as maiores potências nucleares do Planeta Terra.
Só querem que o Brasil saia da neutralidade porque, há pouquíssimo tempo, Bolsonaro garantiu que a Rússia supriria nossa demanda por fertilizantes; um insumo vital para nosso agronegócio. O objetivo, então, é que, com um endurecimento do discurso sobre um assunto que DEFINITIVAMENTE NÃO NOS DIZ RESPEITO, rompamos os laços e, consequentemente, afetemos a produção do setor que mantém o país em pé.
Não haverá uma terceira guerra (não, pelo menos, dessa vez). Mas, se houvesse, vocês REALMENTE acham que o Brasil, o maior produtor de alimentos e maior reserva de água potável do Planeta, em vez de estar neutro, abastecendo o mundo com o que ele mais precisaria, deveria se envolver e trazer para o nosso quintal um conflito LITERALMENTE do outro lado da Terra, onde Biden, Macron, Johnson, Putin e Xi Jinping estariam com os dedos nos botões de lançamento dos maiores arsenais nucleares do Globo?
Os próprios militantes, que hoje defendem a Ucrânia como se fosse uma donzela virginal, não querem realmente um posicionamento. Sabem que Bolsonaro não vai se pronunciar energicamente e, mais uma vez, estão moldando a narrativa para desgastar o governo.
Se o presidente mudasse de postura e adotasse um discurso combativo, enlouqueceriam em críticas (com as calças todas borradas).
Pensem, porra. PENSEM!!!
"Antes de entrar numa batalha, é preciso acreditar naquilo pelo qual se está lutando." (CHUANG-TZU)
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Felipe Fiamenghi
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