O STF e a chapa Lula-Alckmin

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Lula, pelo que se lê na imprensa tradicional, será mesmo candidato à presidência da República. Isto não seria possível, fossem nossos tribunais superiores minimamente zelosos com a real Justiça. Não o são, estão longe de ser.

A candidatura do escatológico Lula está sendo desenhada. Como nas eleições de 2014, Lula deve estar pensando: “Prá gente ganhá eleição, a gente faz o diabo.”

E naquelas eleições Lula e seu poste, Dilma Rousseff, fizeram o diabo. Não combateram Marina Silva com propostas e ideias, mas com ataques à sua pessoa, tentando destruir sua biografia e amedrontar o eleitorado menos letrado e menos esclarecido. Lula e seu poste confirmaram, naquela campanha, o que não podemos esquecer: são indivíduos pusilânimes!

Fazer o diabo, agora, inclui construir uma chapa “Frankenstein”, associando-se Lula a Geraldo Alckmin, seu tradicional inimigo político em São Paulo que até já o chamara de corrupto. Nisto estava, aliás, absolutamente certo. Esta é a afirmação de Alckmin feita em 30 de janeiro de 2016:

“O Lula é o Partido dos Trabalhadores. O Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites.”

O que mudou, para Alckmin, é de se perguntar, já que o PT é o mesmo partido anterior, apenas melhor conhecido hoje do que em 2016, o ano em Dilma foi cassada. Da mesma forma, conhecemos, hoje, Lula melhor do que em 2016. Isto significa que o caráter corrupto de Lula é hoje melhor estabelecido e avaliado, após suas condenações em três instâncias judiciais, quando muita bandalheira de seu governo veio à luz.

E o STF, onde há um grupo que J. R. Guzzo chamou de Facção Pró-Crime, embora tenha conseguido desavergonhadamente – por meio de contorcionismos supostamente jurídicos – livrar a pele do ‘Princeps Corruptorum’, nunca conseguiu demonstrar o contrário do que fora robustamente levantado pela Lava Jato: Lula é um deslavado megacorrupto. Lula instituiu a corrupção de governo, desviou, ou permitiu desviar-se, bilhões de recursos públicos: só a Lava Jato recuperou R$ 4,0 bilhões; financiou ditaduras mundo afora com dinheiro dos contribuintes – certamente com algumas propinas de volta, que corrupto algum é de ferro – destruiu todos os parâmetros macroeconômicos, quase levou à falência nossa maior empresa.

O semianalfabeto Lula ministrou, sempre através da Odebrecht, 72 duas palestras entre 2011 e 2015. Palestras que ninguém viu, ninguém ouviu. Mas que recheou a conta de sua empresa, a Lils, de dois sócios (Lula, com 98%, e seu braço direito Paulo Okamoto, com 2%), com R$ 27 milhões. (Este valor, se atualizado, será maior do que R$ 58 milhões).

É preciso acreditar fielmente em mula-sem-cabeça, boitatá e lobisomem para não ver claramente a corrupção braba envolvida nesta suja história. Este é o bandido que o STF permitiu, com sua decisão vergonhosa, voltar a ameaçar o Brasil com candidatura à presidência da República. Impossível imaginar-se mal maior que se possa fazer ao Brasil. Triste o país que tem uma corte suprema como esta.

Em suma, Lula e o PT no governo foram um pesadelo histórico que – pelo menos as pessoas que pensam – não querem ver repetido. Penso que Alckmin, também conhecido como “Picolé de Chuchu”, que perdeu sua liderança no PSDB por absoluta incompetência, poderá fazer um bem ao Brasil ao aceitar compor a chapa do corrupto Lula. Afinal, pelo passado de ambos, pela fraqueza da liderança de Alckmin (ficou em quarto lugar nas eleições de 2018, com apenas 4,76% dos votos), pela desconfiança até de fiéis da seita lulopetista, pode ser que ele ajude a arrastar a chapa Lula-Alckmin ao abismo. Não dizem que Deus escreve certo por linhas erradas? Pois este poderá ser um caso em que, no futuro, deveremos ser gratos a Alckmin. 

Mas o desalento com o pessoal deste Supremo – que permite esta tentativa de retorno do maior corrupto jamais gestado no seio das democracias ocidentais – formado por uma maioria de oportunistas togados em gabinetes presidenciais nada confiáveis, nos leva à loucura – por um átimo que seja – de considerar a frase atribuída a Millôr Fernandes:

"Bons tempos aqueles em que os Três Poderes eram o Exército, a Marinha e a Aeronáutica”

É claro que não prego o fechamento da “instituição” Supremo, que considero, em tese, essencial à democracia. Mas tudo está errado com esta Corte. A começar por não ser, propriamente, uma corte constitucional; mais parece um tribunal criminal que, ou não funciona, ou, quando funciona, o faz de maneira extremamente prejudicial à Justiça e ao Brasil. Também é errada a forma como os membros desta corte são escolhidos, não raro por critérios políticos, ou de conveniência do governante de plantão. Dá no que deu. E não adianta relembrar o antigo embaixador Juraci Magalhães que disse “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”. Não é! Coisas que lá funcionam, aqui podem ser um desastre. Esta de o presidente de plantão indicar os ministros de tribunais superiores já se mostrou, à exaustão, ser uma desgraça para o Brasil. Há que se reformular o processo de ascensão de membros às cortes superiores. Assim como está é a receita da mediocridade e destruição dos melhores valores republicanos.

Para terminar, duas citações considerando o contexto em que Lula deixa a cadeia e tem o caminho aberto pelo STF para voltar a assombrar o Brasil com a ameaça do retorno da corrupção de governo:

Primeiro, a grande sentença de Ruy Barbosa, hoje uma perfeita descrição da vida brasileira:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...”.

Em segundo lugar, a irrecorrível advertência do General Olímpio Mourão Filho colocada em seu livro “A Verdade de um Revolucionário”. O General não estava, mas é como se estivesse, pensando em Lula e nos políticos, antes seus adversários, que agora o procuram para negociar a tragédia futura do Brasil:

"Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista."

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Foto de José J. de Espíndola

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

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