Com sinceridade? Dilma Rousseff e sua equipe deveriam compreender que o impeachment — e/ou renúncia — é o menor dos males neste momento da história do Brasil.
O grosso caldo virá depois, com a perda da prerrogativa de foro especial. Acreditar que a (quase ex-) ‘presidenta’ — (neo) ‘amanta’ da bicicleta — teria alguma aspiração de disputar um novo mandato eletivo pelo Rio Grande do Sul é um atentado aos fatos e um encômio ao estilo de vida no espaço sideral, ambos consagrados por Sua ‘Majestada’ nos últimos seis anos.
Igual alienação é esperar que, nesta semana, o Senado Federal fará algo que preste pelo Brasil... pela República... pela democracia. O Congresso Nacional, por obra de uma engenharia eleitoral esquizoide, trata-se de lugar onde sempre é meia-noite e todos os gatos são pardos.
Quando presidida por um ser como o ministro Ricardo Lewandowski, a suposta ‘casa do povo’ funciona sob horário de verão: é sempre meia-noite... e é sempre ontem!
Do mesmo modo, acreditar que Michel Temer terá força política e apreço popular para implementar as duríssimas medidas necessárias para trazer à superfície do lamaçal ao menos o nariz da Nação, é crença equivalente a aguardar Papai Noel distribuir ovos de páscoa enquanto o coelho enfiou-se na toca e está travando batalhas noutro ‘país das maravilhas’.
A situação do Brasil é de tal ordem complicada que, vejam vocês, todos aqueles que gritam ‘Fora Temer’ e ‘Fica Dilma’ acabam engrossando o coro do "Fica Temer". Afinal, se ela não renunciar ou conseguir escapar do impeachment — hipótese bastante improvável —, ele continuará a ser, constitucionalmente, seu vice! É ou não é uma loucura?
Daí, olho para as caras (des)lavadas do Renan, do Aécio, da Vanessa, do Lindbergh, do Caiado, do Cristovam e da Gleisi "Kelly" e penso, cá com meus botões: o Brasil, na verdade, é um país para amadores. No sentido de nação para quem ‘ama a dor’.
Gente séria, por aqui, enlouquece... ou desiste.
Helder Caldeira