Uma analogia aos crimes imputados à Dilma

28/08/2016 às 05:20 Ler na área do assinante

Dilma Rousseff é presidente de um grande hospital. Por conta da má administração, os corredores estão abarrotados de pacientes aguardando na fila para transplante de órgãos, enquanto dezenas de prováveis doadores são perdidos pela demora dos diagnósticos e das reuniões e decisões dos médicos.

Sabe-se, fartamente, que não é possível tomar emprestado um órgão de alguém para reduzir a fila, tampouco é possível efetivar um transplante sem que uma junta médica especializada ateste oficialmente a morte cerebral do paciente-doador. É a Lei... e também o bom-senso.

Eis que, no início de 2015, por circunstâncias dramáticas da vida, a paciente Inês dá entrada no Hospital da Dilma em estado gravíssimo, visivelmente irreversível.

O que faz Dilma Rousseff? Ciente da imensa burocracia legal, a própria presidente define que a paciente teve morte cerebral, determina a retirada de coração, pulmão, rins e córnea e toma emprestada a pele, encaminhando-os para transplantes imediatos.

Em novembro de 2015, ao ser questionada sobre seus atos, Dilma manda devolver outra pele ao cadáver e solicita à junta médica que seja emitido um laudo atestando a morte cerebral da paciente-doadora. Por óbvio, a junta médica atesta: "Agora, Inês é morta".

Para o PT e os partidos que ainda gravitam sua órbita política, Dilma Rousseff não cometeu crime algum. Dá-se a defesa porque o cadáver já está com nova pele e, portanto, não há dívida; e porque a junta médica constatou, oito meses depois, que Inês estava morta, portanto seus órgãos poderiam ser transplantados, salvando outras vidas.

Para o grupo da acusação, Dilma Rousseff cometeu crime gravíssimo ao determinar, à revelia da legislação e da junta médica, o transplante de órgãos de uma paciente cuja morte cerebral não fora oficialmente declarada. Além disso, a devolução de outra pele ao cadáver configura exatamente a operação ilegal de empréstimo. Meses depois, a junta médica atestou a morte de Inês, mas, e se não estivesse morta ao tempo da subtração dos órgãos? Teria Dilma matado a paciente?

Deixo com vocês o julgamento da presidente Dilma Rousseff, reiterando: agora, Inês é morta.

Helder Caldeira

da Redação
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