Lula, o Macron brasileiro – ao menos na cabeça dos imbecis

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O sr. Reinaldo Azevedo diz tantas coisas absurdas que catalogá-las dá um trabalho hercúleo. Imagine então comentá-las uma por uma. O nosso bravo jornalista – um dia mereceu o adjetivo, hoje o ostenta pelos mesmos traços desabonadores de seus colegas – conseguiu dizer que Lula é o único candidato de centro e Moro é de extrema direita.

Nem perco o meu tempo com a última classificação. Meus leitores já leram em artigo o que penso da candidatura de Sérgio Moro e dos seus posicionamentos ideológicos bem definidos. É assunto batido e devidamente superado – os iludidos com um possível direitismo de Moro estão no mundo da lua.

O que me interessa aqui é esse centrismo imaginário do ex-presidente Lula.

Para começo de conversa, chega a ser engraçado o sr. Reinaldo Azevedo classificar Lula como centrista. Tal insanidade contradiz o próprio Reinaldo: ele foi um dos primeiros jornalistas da grande mídia – o primeiro foi Olavo de Carvalho em artigos para O Globo – a falar da existência do Foro de São Paulo e do papel desempenhado pelo ex-presidente na entidade.

A organização que reúne partidos e lideranças de esquerda desde 1990 tem o objetivo declarado de ‘’recuperar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu’’. Ora, se isso não indicar a implantação do comunismo em solo latino-americano, eu sou o Luís Inácio em pessoa.

Que empresários crentes no fim do comunismo como movimento político e políticos tarimbados das velhas oligarquias tenham embarcado no petismo sem saberem disso, tal fato diz mais sobre a burrice dos engravatados endinheirados do que a perspicácia do sr. Lula em angariar apoio de quem deveria combatê-lo.

Afinal, estamos no Brasil. Aqui é o país no qual um jornalista classifica Joe Biden como conservador. O que é colocar Lula no centro perto de uma peripécia dessas? A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor. Roberto Campos não cansa de ter razão.

Mas não se enganem: para além da imbecilidade há o interesse. Não são poucos os interessados na história da carochinha da moderação de Lula, do PT como partido de direita – como sugeriu um ‘’cientista político na Folha tempos atrás – e no apreço do petismo pela democracia.

Pois alguns figurões do partido que simboliza as engrenagens do establishment brasileiro não estão dispostos a apoiarem o ex-presidente? Se parte do MDB quer o seu retorno, então ele não é tão esquerdista assim – pelo menos não como pintam os reacionários.

O interesse é um tanto óbvio. Lula sabe que não vence as eleições só com o eleitorado esquerdista. Para voltar ao Planalto, ele precisa de eleitores que estão longe de aprovar as maluquices ideológicas do seu partido – muitos até nem conhecem a plataforma política de extrema esquerda petista.

Como a sua candidatura é a bola de vez para o establishment voltar a mandar e desmandar com mais facilidade, seus setores servis estão empenhados nesse diagnóstico completamente irreal. O mais notório deles é a grande mídia.

Os simpatizantes de Lula mais envergonhados com o esquerdismo sonham com outra ‘’Carta aos brasileiros’’, aquele documento feito pela cúpula petista na eleição de 2002 com o objetivo de tranquilizar o mercado acerca das posições historicamente defendidas pelo PT.

Lamento informá-los, mas essa possibilidade inexiste. Não é o Carlos Júnior que diz isso: a própria presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffman (PT-PR), já deixou claro que Lula ‘’não vai atender ao mimimi do mercado’’. É desejo da sua candidatura a revogação da Reforma da Previdência e da Reforma Trabalhista – ambas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro com o objetivo de desfazer a esparrela petista na economia.

Além dessas peripécias, Lula também irá mandar às favas o teto de gastos. Os liberais brasileiros têm a obrigação de guardar tais declarações para depois não dizerem que não foram avisados.

Candidato prometendo destruir a austeridade fiscal com mais intervencionismo é tudo o que o Brasil não necessita. Mas essa é a essência do petismo. Se o plano de governo de Fernando Haddad já era horroroso em 2018, esperem pelo de Lula esse ano.

Quem ainda estiver disposto a votar no Partido dos Trabalhadores e colocar na presidência da República um sujeito como o sr. Luís Inácio não pode ser poupado da responsabilidade pela ruína completa do país caso o pior aconteça.

A destruição do Brasil – e a sua ridicularização em todos os aspectos – é um projeto das esquerdas que ganhou velocidade inimaginável com as administrações petistas. Eu vi, você viu, todo mundo viu.

Classificar Lula como centrista é estupidez intencionada. Não há outra hipótese. Mas estamos no Brasil, certo? O país dos insanos admite qualquer hipótese desconectada da realidade e da lógica. Lula é pai fundador de uma organização que reúne partidos comunistas da América Latina, mas em Pindorama ele é o nosso Macron.

Nessa terra, os imbecis são maioria.

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Foto de Carlos Júnior

Carlos Júnior

Jornalista

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