A 'Oi', o advogado e o golpe de dois bilhões de reais

24/08/2016 às 10:31 Ler na área do assinante

O advogado era empreendedor, inteligente, mas um notável fora da lei.

Da cidade de Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul, Maurício Dal Agnol organizou um fortíssimo escritório jurídico, com unidades em outras cidades do estado e em algumas capitais do país.

Ganhou muito dinheiro, ficou milionário, adquiriu inúmeros bens, amealhou um invejável patrimônio, que inclui, inclusive, apartamento em Nova York.

Esperto, o advogado encontrou um grande filão para faturar. Impetrava ações indenizatórias de proprietários de linhas telefônicas antigas contra a Companhia Oi.

Os adquirentes dessas linhas tornavam-se pequenos acionistas da antiga estatal de telecomunicações, cujas obrigações foram herdadas pela Oi.

O escritório do advogado, de posse de uma extensa relação com os nomes desses pequenos acionistas, passou a procurá-los e informa-los da possibilidade de acionarem a Oi para receber a importância devida, em função do fato da empresa ter adquirido a antiga estatal.

Foi um sucesso a investida. Foram mais de 13 mil ações propostas, que resultaram na estratosférica soma de R$ 2 bilhões em indenizações, todas elas devidamente depositadas pela empresa e recebidas por Dal Agnol, através de alvará judicial.

Aliás, a parceria com a Oi surgiu no momento em que o advogado fazia acordos com a empresa para diminuir os valores que cabiam aos cliente, mas recebia 'por fora'.

Porém, nada ou apenas uma pequena parte dos valores eram repassados para os cliente.

Dos R$ 2 bi arrecadados, Dal Agnol ficou com pelo menos R$ 1,6 bi, sem contar o que recebeu 'por fora'.

O caso foi descoberto quando uma cliente do advogado, vítima de câncer, morreu por falta de recursos para tratamento. Dona Carmelina Helena Comin tinha mais de R$ 100 mil para receber. Morreu sem ver a cor do dinheiro.

Daí nasceu a Operação Carmelina, que no dia 22 de setembro de 2014 efetuou a prisão de Maurício Dal Agnol em pleno centro da cidade de Passo Fundo.

Atualmente ele está em liberdade,

mas com sua inscrição na OAB suspensa. O escritório ‘Dal Agnol Advocacia’ continua funcionando normalmente na cidade de Passo Fundo. No site do escritório consta o seguinte aviso:

Prezado Cliente

Vimos informar que o escritório está atendendo aos processos judiciais normalmente, tendo em vista que possui um corpo de advogados apto e legalmente constituído para tanto.

Reafirmamos nosso compromisso em atender aos interesses dos clientes, tomando todas as medidas judiciais necessárias a fim de obter a procedência das demandas.

Por fim, ressaltamos que QUALQUER dúvida relativa ao seu processo judicial poderá ser sanada por meio do e-mail fale@dalagnol.com.br, (54)3313 4523, ou ainda, pessoalmente em nossa sede na cidade de Passo Fundo/RS.

Atenciosamente

Dal Agnol Advocacia

Ou seja, não obstante o fantástico golpe, Maurício Dal Agnol continua com seu escritório em plena atividade, está solto e, naturalmente, ganhando dinheiro com a advocacia.

E, por enquanto, não pagou ninguém. 

Edmundo Zanatta

redacao@jornaldacidadeonline.com.br

da Redação
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