Existe uma característica extremamente notável dos eleitores de Sérgio Moro: o complexo de superioridade moral.
Quem não é da Igreja da Lava Jato é bandido ou mesmo defensor de um.
Ao não pagar pedágio aos lavajatistas, você é colocado automaticamente na categoria dos sem caráter. Ou você cultua o Super Moro, ou então está do lado dos larápios.
Tal estado mental não difere em nada do de Robespierre e demais jacobinos, que mandaram milhares à guilhotina por cometerem o sacrilégio de não aderir ao credo revolucionário francês.
Por sinal, Robespierre considerava-se incorruptível, possuidor da moralidade suficiente para julgar e condenar os partidários do Antigo Regime.
Dias atrás eu retuitei a publicação de um dos mais acólitos moristas que pedia ao STF a prisão da deputada Bia Kicis (PSL-DF) por ter vazado dados de membros da ANVISA.
O mesmo foi feito na CPI da Pandemia por inúmeros senadores oposicionistas, mas os moristas enragés não viram problema algum. A afetação é demonstrada apenas quando o alvo é ligado ao presidente Bolsonaro.
Algo precisa ficar bastante claro: moristas e petistas não são diferentes em quase nada – muito pelo contrário. Até mesmo no professado combate à corrupção existem similaridades, bem mais do que se pensa e é dito pelos representantes de tais alas.
O PT foi um dos maiores precursores da verborragia moralista na política brasileira. José Dirceu, condenado pelo Mensalão, fez carreira nas inúmeras CPIs dos anos 90.
Ele e seus colegas petistas empreenderam a famigerada campanha ‘’Ética na Política’’, uma engenhoca propagandística que teve como resultado prático a retirada do então presidente Fernando Collor de Mello do cargo. Pouco tempo depois veio o escândalo dos ‘’Anões do Orçamento’’ que desaguou em uma CPI com protagonismo enorme da bancada petista, especialmente de José Genoíno.
Não parece irônico que um partido colecione tantos cadáveres políticos tenha protagonizado os maiores escândalos de corrupção da história do país?
Como o PT esqueceu da sua própria sanha moralista utilizada contra os tarimbados da política brasileira e realizou – este sim – o maior golpe contra a democracia brasileira chamado Mensalão?
Tais questionamentos são elucidados com o estudo sério das estratégias petistas.
Para começo de conversa, o PT nunca empreendeu campanhas contra a corrupção com o objetivo de expurgar tal prática da classe política, mas para demonizá-la e colocá-la como símbolo da dominação da direita. Raymundo Faoro, um sociólogo e também um dos fundadores do partido, escreveu em ‘’Os Donos do Poder’’ que a luta de classes no Brasil não era a querela marxista tradicional entre proletariado e burguesia, mas entre povo e estamento burocrático. Tal grupo seria composto por burocratas, políticos, empresários e demais amigos do Rei que utilizavam a máquina estatal em benefício próprio.
Bater nos engravatados do PSDB, do PFL e do PP não era um trabalho com intenções auréolas, mas o cumprimento dos ditames revolucionários da esquerda. Nada havia de edificante na pregação moralizante do petismo, já que no poder os seus companheiros fizeram pior. E até mesmo em parceria com os larápios outrora demonizados.
A esquerda é adepta da moral revolucionária, na qual tudo é válido para favorecer a revolução. Não importa o meio empregado para o sucesso da causa. Roubar, mentir, assassinar e tutti quanti são práticas consagradas da militância comunista nos quatro cantos do mundo, que não sente o menor remorso pelas suas vítimas.
Como diria o dramaturgo e notório comunista Bertolt Brecht, se as vítimas dos Processos de Moscou eram inocentes, tanto mais mereciam ser fuziladas.
Não foi por acaso que esse movimento político altamente nefasto produziu mais de 100 milhões de vítimas ao longo de sua existência – sem contar no legado de miséria e desesperança total nos lugares onde foi testado.
A pauta moralista serve a esquerda para limpar-se na própria sujeira, uma vez que os seus malfeitos são colocados na conta da moral vigente, tida como reacionária de direita.
Ou seja, ela consegue capitalizar a podridão produzida por seus pares e ainda posar como corrente beatificada cheia de boas intenções.
A estupidez de combatê-la com a retórica do combate à corrupção sem traço ideológico algum é um erro cometido pela direita há tempos – algumas figuras deploráveis da direita menchevique estão dispostas a cometê-lo novamente.
É justamente o que fazem os moristas: levantar a bandeira moralista como forma de demonizar o petismo – esquecendo da sua utilização pelo próprio partido em um passado nada distante. Ao fazer isso, prestam um serviço valioso ao esquerdismo revolucionário que dizem ter ojeriza.
Aliás, os seguidores de Sérgio Moro mal conseguem disfarçar o esquerdismo. O próprio Moro é um progressista mais do que convicto. Sua tese de doutorado – contendo inúmeros elogios a decisão que legalizou o aborto nos EUA – fala por si. Suas posições em inúmeros acontecimentos sempre estiveram alinhadas à esquerda, até mesmo no supremo ativismo que persegue e criminaliza o conservadorismo no Brasil. Não só ele como seus apoiadores estão legitimando – ou mesmo apoiando – a caça às bruxas contra conservadores.
Pelo ódio antibolsonarista, vale tudo.
A candidatura de Sérgio Moro já foi analisada por este colunista em outro artigo – não voltarei ao tema. Todos sabem o que ela representa. Moro candidato é outra via para a esquerda implementar sua agenda no país, e seus apoiadores não se importarão caso isso venha a acontecer.
Eles dizem odiar o petismo, mas darão as mãos com ele se for necessário.
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Carlos Júnior
Jornalista