Que dor há de mais doer, do que o abandono?
A fome, as luzes alheias, a sarjeta, a violência, o caos?
O desvario de ser, a asa, o grito?
Que sonhos, de menino, empunhando mortes,
E que sabes a vida tão finita?
Como cobri-lo de mãos e ternuras?
Que voz será tão indefinível?
‘Nenhuma criança será objeto de interferência arbitrárias ou ilegais em sua vida particular, sua família, seu domicílio, ou sua correspondência, nem de atentados ilegais a sua honra e a sua reputação.
A criança tem direito à proteção da lei contra essas interferência ou atentados". ( Art. 16 - Convenção sobre os Direitos da Criança)
Não sei se perdida ou roubada, por certo não pela própria vontade a infância está diluída num país de meia idade vivendo em novo milênio...
Uns nas ruas, sem ter para onde voltar, outros cola a cheirar, tantos trombadinhas a roubar pertences alheios, sem ter quem lhes direcione a vida.
Nos sinais, a vender balas, chicletes, frutas e se não venderem o encomendado, cada um é surrado, humilhado e pode ir deitar sem comer. Nas carvoarias, nas cozinhas, em vez de soltar pipas, pular as amarelinhas, jogar bola e brincar de pique, trabalham além de seus limites, Exaustos, queimados, cobrados... Alguns são filhos de putas, outros são filhos de santas. Muitos sofrem pela sedução das drogas, do sexo precoce.
Abuso, estupro, prostituição, gravidez, aborto, meninas mulheres fazem mil erros para ganhar o suficiente.
Para o leite, para o pão... Muitas jogadas fora quais cães sarnentos... Quantas crianças alugadas, vendidas, desaparecidas.
Ao ver animaizinhos enjaulados para serem vendidos, nos dias de hoje, o que parece muito natural, pois todos se esquecem que é livre o animal, não posso deixar de perguntar: daqui a quantos anos, crianças enjauladas para um livre comércio parecerão aos nossos olhos então já acostumados algo muito natural?
Um belo poema que li, descreve os sonhos de criança.
Sonho com o lápis e caderno em minhas mãos. Sentada no banco da escola, fazendo minhas lições. Negam-me os acessos. Aprisionam-me, bloqueiam-me, escravizam-me, privam-me o direito de ser criança de viver o mágico, a fantasia, o brinquedo. Os sonhos as incertezas de ser criança no Brasil roubam a minha infância.
Como será o futuro do nosso país? Surge a pergunta no olhar e na alma do povo, cada vez mais cresce a fome nas ruas, nos morros, cada vez menos dinheiro pra sobreviver.
Onde andará a justiça outrora perdida? Some a resposta na voz e na vez de quem manda. Homens com tanto poder e nenhum coração gente que compra e que vende a moral da nação. Brasil olha pra cima, Existe uma chance de ser novamente feliz. Brasil há uma esperança!
Volta teus olhos pra Deus, o Justo Juiz.
Pio Barbosa Neto
Professor, escritor, poeta, roteirista
Pio Barbosa Neto
Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará