Sonegação e falsificação mancham a carreira do craque Neymar.
O Ministério Público Federal (MPF) deve brevemente oferecer denúncia pelo crime de falsidade ideológica
13/06/2015 às 04:59 Ler na área do assinanteA situação atual do futebol mundial, envolvendo altos dirigentes, que, inclusive, já levou em cana o ex-presidente da CBF Jose Maria Marin e, brevemente, poderá levar também outro ex-presidente da mesma entidade, Ricardo Teixeira, está se refletindo na conduta dos jogadores, ou, pelo menos, na conduta das pessoas que conduzem a vida profissional dos grandes craques.
É exatamente o caso do craque Neymar. A ganância e avidez de seu pai e empresário, está colocando o jogador em maus lençóis, manchando a sua bela carreira.
Neymar deve receber brevemente a maior multa já aplicada pela Receita Federal a um esportista e provavelmente ser denunciado criminalmente por falsidade ideológica.
Em processo que tramita em sigilo na Justiça Federal de São Paulo, o Ministério Público Federal já identificou que “existem possíveis discrepâncias entre a documentação apresentada por meio de cópias e as originais”. Essas divergências nos papéis da venda e um empréstimo simulado efetuado entre o Barcelona e o jogador, resultaram em processos da Receita, que se materializaram preliminarmente no arrolamento de bens do jogador.
A falta de correspondência entre cópias de contratos que deveriam ser espelho fiel dos originais só foi revelada porque o pai de Neymar resolveu travar uma batalha legal para negar o acesso da Receita à documentação. Durante as investigações do Fisco, os auditores pediram para ter acesso aos documentos e contratos originais da N & N com o Barcelona. A empresa negou e recorreu à Justiça para evitar a entrega do material. Derrotada, foi obrigada a entregar os documentos aos auditores em Santos, que constataram a falsificação. Eles repassaram os contratos originais ao MPF.
Desde então, os advogados da N & N passaram a ter uma nova missão, até agora sem sucesso: inviabilizar o uso dos documentos originais pelo MPF, responsável pela investigação criminal da operação. Um dos pontos de controvérsia está no primeiro contrato assinado entre a N & N e o ex-jogador santista. Nesse acordo, consta a data de 27 de abril de 2011. Probleminha: a empresa ainda não existia. Só foi criada meses depois. Os advogados da companhia alegam que foi um erro de digitação. Em meados de maio, o pai de Neymar prestou depoimento ao MPF. Negou que tenha cometido qualquer irregularidade.
A compra de Neymar pelo Barcelona compõe-se de uma barafunda de operações financeiras complicadas. No papel, a compra começou em 18 de outubro de 2011, quando foi criada a N & N Consultoria Esportiva e Empresarial, cujos sócios são os pais do craque brasileiro. Oito dias depois, a companhia assinou um contrato com o jogador para assessorá-lo em sua carreira. No dia 10 de novembro, assinou-se uma emenda ao novo acordo. Foram incluídas cláusulas mais específicas, como a autorização para negociar os direitos federativos de Neymar com um clube europeu que tivesse um bom desempenho na Liga dos Campeões – e topasse pagar um salário de ao menos € 5 milhões (R$ 11 milhões, em valores da época). Em março de 2012, a empresa de consultoria N & N emprestou R$ 22,4 milhões para seus sócios, os próprios pais de Neymar, sem juros ou exigências de garantia.
As duas operações de crédito, bastante incomuns no mercado, suscitaram as suspeitas de uma simulação por parte da Receita, o que já foi identificado na Espanha. Ou seja, o empréstimo, na verdade, não era um empréstimo real, mas sim um pagamento antecipado, sujeito à tributação.
Fonte: Época