Kamala Harris e o vitimismo esquerdista gerador de ódio e divisão
28/12/2021 às 07:14 Ler na área do assinanteA vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, queixou-se da cobertura da imprensa americana a respeito do seu trabalho.
Segundo o The New York Times, o motivo é muito simples:
‘’Sra. Harris disse em particular aos seus aliados que a cobertura das notícias sobre ela seria diferente se ela fosse qualquer um de seus 48 predecessores, todos brancos e homens”.
Ou seja, não importa o quão ruim é o seu trabalho como vice-presidente e a administração da qual ela faz parte – sim, ambos são horrorosos. A única explicação da sra. Harris para as críticas é o fato dela ser mulher e negra, pois, segundo a sua lógica insana, seus antecessores não apanharam da imprensa como ela apanha porque eram homens brancos. Dick Cheney, Spiro Agnew, George H. W. Bush e Mike Pence apanharam mais que o diabo da grande mídia? Deve ter sido por algum fator ainda desconhecido da vice-presidente Harris.
Kamala Harris não está apenas mentindo ao lançar tal bravata. Ela quer reverberar a narrativa tosca do racismo sistêmico, obra-prima para revolucionários picaretas – perdoem-me o pleonasmo – mudarem o mundo de acordo com seus anseios. Ao pintar os EUA como um inferno segregacionista, a sra. Harris se coloca como uma vítima indefesa do establishment que ela faz parte, além de manter viva a chama do revanchismo racial que alimenta o projeto de poder do Partido Democrata.
Os democratas são entusiastas do Black Lives Matters, o coletivo que professa lutar contra o racismo e a discriminação. Como tal, é um movimento revolucionário, com uma visão de mundo idealizada a ser posta em prática, não importando os meios necessários para isso. A narrativa imposta pelo BLM é a de uma sociedade recheada de privilégios para os brancos em detrimento aos negros, em uma desigualdade com chance de ser sanada com a tomada de poder pelo grupo. Tudo o que existe tem a marca do maldito privilégio branco, e mesmo com negros como Ben Carson e Thomas Sowell rejeitando tal quadro, ele existe e permeia todos os aspectos sociais possíveis.
Qual a solução proposta pelo BLM para findar tal realidade? A mesma oferecida por qualquer movimento revolucionário: mutação total da sociedade mediante concentração de poder e emprego da violência contra os recalcitrantes. David Dorn, um policial negro que estava de plantão, foi assassinado por membros do BLM no ápice da arruaça provocada pelo caso George Floyd. O movimento que professa a importância das vidas negras não teve o menor pudor em tirar a vida de um idoso em pleno trabalho. Óbvio que tal fato não virou notícia na grande mídia brasileira e foi jogado para debaixo do tapete na coirmã americana, mas serve de exemplo para mostrar a hipocrisia do grupo.
Para o movimento negro, nada intrínseco ao indivíduo conta. Kamala Harris é vista como uma política medíocre e uma vice-presidente horrorosa? Não é culpa dela. O problema não é a sra. Harris, e sim o racismo implícito em tal avaliação.
Como não poderia deixar de ser, a vice-presidente Harris também incutiu na sua declaração o apelo feminista insuportável da esquerda. É a mesma lógica do BLM: ela é duramente criticada por ser mulher. Os nossos queridos amigos progressistas querem nos convencer a poupar tantas outras Kamalas Harris por esse simples fato. Se para o movimento negro os culpados de todas as desgraças dos negros são os brancos, para as feministas os homens são os eternos vilões de gibi. A mesma sinalização de virtude que é um porre para quem tem mais de dois neurônios em pleno funcionamento.
O Partido Democrata é a agremiação política do ideal revolucionário, da militância enragé e do beautiful people. Seus membros partilham de uma visão do próprio país típica dos intelectuais do Terceiro Mundo, ou seja, da América como responsável por tudo de ruim no mundo, do capitalismo selvagem que mantém os pobres em sua desgraça corriqueira e da religião cristã como suprassumo da intolerância.
O legado dos Founding Fathers deve ser substituído pela nova moral politicamente correta composta por feminismo, gayzismo, abortismo, ambientalismo e tutti quanti. Além disso, a soberania nacional americana deve ser aniquilada e absorvida pelos organismos internacionais globalistas – que nada mais são do que instrumentos do futuro governo mundial.
Antes um partido de centro-esquerda com vestígios do bom e velho patriotismo americano, o Partido Democrata foi tomado pela extrema esquerda até virar o PSOL yankee. Qualquer dúvida a respeito é sanada com as leituras de Do Partido das Sombras ao Governo Clandestino de David Horowitz e Fascismo de Esquerda de Jonah Goldberg.
Uma parcela importante do povo americano acordou: o governo Biden é desaprovado por 53% do eleitorado. Prometendo o retorno da normalidade perdida e dos adultos no comando, a atual administração entregou uma inflação fora de controle, uma economia em pandarecos, uma política externa que ridiculariza e apequena os EUA, um aumento gigantesco na criminalidade e uma pandemia sem prazo de validade. A probabilidade de uma sova republicana nas midterms é gigantesca.
Sem resultados concretos, o único subterfúgio dos integrantes desse fiasco é a lacração insuportável.
Kamala Harris apelou ao vitimismo esquerdista de sempre, mas sem sucesso. Pelo menos entre as pessoas normais não cola.
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Carlos Júnior
Jornalista