Ideias nem sempre são meras abstrações inócuas. Frequentemente elas têm consequências.
E ideias torpes têm consequências lesivas, seja para os indivíduos seja para a sociedade de uma perspectiva mais abrangente.
Mas, perguntemo-nos: de onde advêm algumas ideias que atualmente causam diversos flagelos sociais?
Não apenas isso, nos questionemos adicionalmente: Por que temos testemunhado a crescente dissolução familiar e suas consequências deletérias? Por que a fé cristã tem sido perseguida e, mesmo, criminalizada em alguns casos? Por que temos um crescente índice de violência interpessoal, desordens mentais (especialmente depressão) e suicídios (sobretudo entre jovens)? Por que temos acompanhado a glamourização da drogadição, da promiscuidade, da pornografia, etc.? Por que a vida imersa em vícios tem sido considerada mais um estilo de vida, como qualquer outro?
De onde vem a “justificativa” para esse estado de coisas? Qual a causa do enfraquecimento e ruptura de nosso tecido social moral protetor?
Ora, uma das principais causas da ruptura do tecido social moral que nos protegia é a mentalidade pós-moderna, a qual surgiu no plano acadêmico (em nossas universidades) e recaiu sobre a sociedade civil, originando diversos problemas, especialmente na medida em que a mentalidade pós-moderna pretende fazer colapsar aqueles valores e instituições que surgiram espontaneamente para assegurar nossa plena realização humana: família, virtudes, valores morais, propriedade privada, livre troca, liberdade individual, direitos humanos universais, complementariedade entre homens e mulheres, etc.
Com efeito, temos acompanhado, crescentemente, o avanço da mentalidade pós-moderna em nossas universidades, assim como sua metástase perversa sobre a sociedade civil. Áreas – e seus danos - como “teoria pós-colonial”, “teoria crítica da raça e interseccionalidade”, “feminismos e estudos de gênero”, “estudos sobre deficiência e sobre o corpo gordo”, “estudos sobre justiça social”, etc, são analisadas por Helen Pluckrose e James Lindsay no livro “Teorias Cínicas” (cuja leitura recomendo).
Acrescente-se a essas “teorias” a ideologia de gênero, a linguagem neutra, o “descolonialismo”, o “multiculturalismo”, etc, e teremos um quadro do atual estado de coisas em nossas universidades, as quais estão cada vez mais hegemônicas e longe de uma real diversidade. Sem falar em seu voraz espírito anticristão e, consequentemente, antiocidental.
No entanto, tais ideias não se restringem às universidades: elas recaem sobre a sociedade civil, originando diversos flagelos, como os referidos acima: drogadição, violência, desordens mentais, suicídios, dissolução familiar e suas colateralidades, cerceamento da liberdade, violação de direitos humanos, da propriedade privada e do livre comércio, enaltecimento da feiura em detrimento da beleza, “bandidolatria”, exaltação da promiscuidade, etc.
Dessa maneira, o fato é que tais ideias, gestadas em nossas universidades, não apenas estão desvinculadas da realidade: elas causam o colapso da realidade.
Com efeito, um dos meios mediante os quais tais ideias se alastram pela sociedade civil é o chamado “progressismo”, uma variação da mentalidade socialista com base nas teorias pós-modernas, com foco especialmente – mas não apenas – nos costumes (nos valores que consolidaram a civilização ocidental). O ativismo dito “progressista” (que, em verdade, é regressista e obscurantista) tem, cada vez mais, revelado sua natureza destruidora e perversa, sendo causa da já referida dissolução do nosso tecido social moral protetor.
Nos dias que correm está escancarado que sua pauta nunca foi, como muitas vezes alegado, a busca por diversidade e pela garantia de certos direitos para as minorias. Seu objetivo sempre foi causar a destruição dos pilares civilizacionais (dos quais mesmo as minorias se beneficiam), particularmente do Cristianismo, uma vez que ele é, com suas instituições e valores, a “alma” do ocidente.
Assim, o “progressismo” foca sobretudo nos costumes que passaram pela “consagração pelo uso”, fomentando o aborto, a dissolução da família, a drogadição, a promiscuidade exacerbada, e tudo aquilo que possa fazer colapsar os valores que surgiram espontaneamente e foram consagrados pela experiência reiterada ao longo do tempo.
Assim, exemplificando: por que investir na destruição da Virgem Maria, a representando como se ela fosse trans?
Ora, a meu ver o objetivo está claro: trata-se de um ataque à fé católica em particular e ao Cristianismo em geral. O que subjaz nesse tipo de manifestação do ativismo, além da manifesta intolerância religiosa, é um objetivo mais pernicioso, qual seja, causar o colapso do Cristianismo e de certos valores e instituições de inspiração cristã, os quais constituem a “alma” da civilização ocidental. Nunca se tratou de proteger minorias.
Desse modo, esse ativismo nunca pretendeu ampliar a diversidade, assegurar certos direitos, etc. Seu objetivo sempre foi destruir a diversidade e impor uma hegemonia, o que fica claro com os exemplos recentes citados acima. Não se trata de construir, mas de destruir. Isso está, hoje, escancarado. É preciso que todos se apercebam disso, antes que não haja mais espaço para a real diversidade.
Não apenas isso, é preciso que nos apercebamos dos reais propósitos do “progressismo” e de sua inspiração no pós-modernismo, para frearmos, se ainda há tempo, o colapso civilizacional que já está em andamento.
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