‘Inteligência artificial’ versus ‘estupidez natural’ em nossas universidades

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Embora o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) esteja prosperando nas áreas STEM (Science, technology, engineering, mathematics) de nossas universidades, esse desenvolvimento, infelizmente, não tem conseguido impedir o avanço da estupidez natural que também se espraia por nosso meio acadêmico. Na verdade, ela se enraizou, fez metástase e, portanto, tomará tempo para que se possa expurgar nossas universidades do mal da estultice crônica.

Basta observarmos diversos dos cursos, eventos, dissertações, teses, etc, produzidos em nossas universidades para que tenhamos uma ideia de nossa tragédia educacional. Linguagem neutra, ideologia de gênero, “descolonialismo”, por exemplo, fazem parte dos “destaques” quando imergimos nas atividades universitárias. Na verdade, diversos temas que se desdobram das teorias pós-modernas são, hoje, predominantes nas universidades (sobretudo nas ditas “humanidades”, mas se espraiando assustadoramente para as áreas STEM): “pós-modernismo”, “teoria pós-colonial”, “teoria crítica da raça e interseccionalidade”, “feminismos e estudos de gênero”, “estudos sobre deficiência e sobre o corpo gordo”, “estudos sobre justiça social”, etc, são algumas das áreas analisadas por Helen Pluckrose e James Lindsay no livro “Teorias Cínicas” (disponível em português).

O livro nos mostra como esses pseudo estudos se enraizaram em nossas universidades e se tornaram altamente lesivos para a sociedade. Por essa razão eles escrevem que “compreender o pós-modernismo é uma questão de alguma urgência, porque ele rejeita radicalmente as bases sobre as quais as civilizações avançadas de hoje são construídas e, por consequência, tem o potencial de solapá-las”. Ou seja, o pós-modernismo e seus desdobramentos concretos, a partir de nossas universidades, podem causar o colapso de nossos pilares civilizacionais. Aliás, muitos dos flagelos que enfrentamos são oriundos de ideias engendradas em nossas universidades, especialmente desde a metade do século XX.

Se não bastasse esse problema, o qual tem sido crescente nas últimas décadas, nossos ungidos acadêmicos, do alto de sua torre de marfim, são altamente engajados partidariamente. Não é preciso muito esforço para que reconheçamos que nossas universidades têm partido. Sua guerra declarada contra o presidente da república, por exemplo, expressa uma parcialidade radical. Recentemente, inclusive, na prova do PAVE, da UFPEL, havia um texto subliminar em que se lia “fora Bolsonaro”:

https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/35002/denuncia-grave-a-doutrinacao-nas-universidade...

Mas, em suma, a universidade, em geral, está afastada de um projeto que remonta às suas origens: assegurar o ‘pleno desenvolvimento humano’ (das capacidades essencialmente humanas – cognitivas e morais) e a ‘prosperidade’ (em todos os planos – material e “espiritual”).

Noutros termos, a universidade se tornou um instrumento para a consecução de um projeto planificador, o qual pretende impor à sociedade um modelo social distinto da ordem surgida espontaneamente (catalaxia, como diriam Mises e Hayek).

Tal projeto poderia ser denominado de “progressista”, termo que indica a imposição de mudanças a partir de uma mentalidade centralizadora. Na verdade, dados os seus efeitos, ela poderia ser chamada de “regressista”, bem como de reacionária. Isso porque ela rejeita tudo aquilo que foi consagrado pelo uso, bem como as mudanças que se fazem necessárias para que possamos adentrar o caminho para a prosperidade.

Dessa forma, nossos “ungidos”, embora criticando o conservadorismo (e orgulhosamente se autointitulando “progressistas”), falam enfaticamente em “enfrentar as mudanças” propostas pelo atual governo federal, o que revela o seu “reacionarismo” e sua demagogia, ou seja, sua tendência a defender a conservação de ideias que não deram certo e que simplesmente não funcionam, agindo e falando como se tivessem o monopólio da virtude, quando, na verdade, talvez sejam apenas “posers” de moralidade. Diferentemente do conservador, o qual quer conservar o que passou pelo teste “da consagração pelo uso”, nossa elite acadêmica insiste em preservar ideias estúpidas e disfuncionais. Insistem em ideias como a de “multiculturalismo”, expressa em sua concepção de “diversidade cultural”.

E o fazem com o propósito de sugerir que todas as culturas são igualmente importantes. Obviamente, elas não são. A questão não é a de se eu “prefiro” a minha cultura: a minha cultura – Ocidental – é, inquestionavelmente, melhor do que outras! Por exemplo, o Ocidente engendrou (inspirado pelo Cristianismo) ideias como a de “dignidade da pessoa humana”, bem como a de “direitos humanos”, criando leis para que atos bárbaros sejam erradicados de comunidades civilizadas. Aliás, há, ainda, um aspecto hipócrita no discurso antiocidental. Afinal, nossos “ungidos” “progressistas” usufruem da cultura ocidental (que lhes deu inclusive a universidade, a qual lhes garante seus proventos, status e confortos) e rejeitam as causas mesmas de sua prosperidade. Eis a estultice da maioria e, talvez em alguns casos, a má fé de alguns. Vivemos em instituições criadas por uma cultura ocidental essencialmente cristã (ainda que com valores cristãos secularizados), bem como nos beneficiamos de todas as descobertas, conquistas, avanços, instituições, etc, assegurados por essa mesma cultura. Não apenas isso, nosso conforto material e, mesmo, “espiritual”, vem dessa mesma herança cultural.

E eis que alguns “ungidos” simplesmente a rejeitam, não reconhecendo que ela representa o “melhor dos mundos possíveis” (o que, obviamente, não a torna perfeita. Afinal, não há perfeição em mundo algum). Aliás, qual a razão de diversos povos, oriundos especialmente de países socialistas, fugirem para o ocidente liberal cristão? Ora, eles sabem que estarão em condições melhores no demonizado ocidente liberal cristão, com sua propriedade privada, seu estado de direito, sua laicidade, sua economia de mercado, seu foco no empreendedorismo, sua meritocracia, seus direitos humanos, etc, do que nos lugares infelizes e muitas vezes miseráveis em que vivem.

Não apenas estamos em melhores condições do que aqueles que vivem em uma cultura socialista, mas, também, do que aqueles que vivem como se ainda estivessem na idade da pedra, os quais são frequentemente tão enaltecidos pela nossa mesma elite acadêmica, a qual vê sujeitos primitivos como “bons selvagens”. Mas, curiosamente, embora insistam em elogiar tais povos (que de forma alguma são “bons selvagens”: são apenas selvagens), não me parece que nossa elite acadêmica deseje viver como esses povos, sem todas as benesses do mundo civilizado (ocidental e liberal de base cristã), com seus valores e instituições.

Realmente, nossa elite acadêmica, no auge de sua estultice, vive em uma realidade paralela, em uma bolha, se autoalimentando rumo à total esterilidade.

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