O principal alvo dos movimentos progressistas: A família judaico-cristã

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A família tradicional é a base e o centro da tradição judaico-cristã, que é a responsável pela formação dos valores do Ocidente. Por isso, desconstruir a família é o maior itinerário dos movimentos progressistas. Recentemente fiz um artigo sobre os efeitos danosos para a sociedade quando a família é atacada (Destruir a família: efeito de uma guerra cultural). Hoje tentarei explicar a base filosófica usada por Karl Marx para legitimar o falecimento da família judaico-cristã.

Essa ideia começou já no Manifesto Comunista, livro que Marx sugere que os laços familiares são fontes de opressão. Contudo, foi em “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, de 1884, que o pensamento (esquizofrênico) do revolucionário alemão ganhou altura.

O livro foi escrito por Friedrich Engels, mas seus argumentos foram retirados dos escritos de Marx, que faleceu um ano antes do material ser publicado.

A publicação usa uma tese (até hoje sem nenhuma comprovação científica) do antropólogo Lewis Morgan.

A ideia é que a primeira sociedade era matriarcal. Nela existia sexo livre, sem compromisso, e os filhos só conheciam a mãe; não sabiam quem era o pai.

A mãe, a mulher, era a referência na sociedade, a figura mais importante.

Com os processos de mudanças sociais, começa a existir circulação de mercadoria e troca de bens, nascendo o acúmulo de riqueza e da propriedade privada.

Os homens, ao aumentar seus bens, não têm para quem deixar sua herança, pois não sabem quem são os filhos.

Então, nasce a necessidade de “aprisionar” a mulher, oprimindo ela e os filhos, exigindo fidelidade; e nascendo assim a família patriarcal.

Pela força simbólica do capital e pela força física, o sexo masculino “escraviza” todos do lar. Esta família, portanto, é fonte de toda a opressão, das desigualdades e originalmente é perversa; uma sociedade perfeita, idealizada pelo comunismo, com todos sendo iguais, não pode ter essa tirania do homem.

A conclusão é de que a origem da desigualdade entre as classes começou nesta desigualdade individual dentro da família tradicional da cultura judaico-cristã. É preciso, por isso, abolir com esse modelo de família, origem do problema, para retirar da sociedade a dialética de opressor e oprimido e criar uma sociedade igual.

Apesar de ser uma tese confusa, sem base antropológica confiável, com um senso vazio de realidade e uso medíocre de ciência, o livro teve repercussão, especialmente na Revolução Russa.

Lênin falou destes escritos como sendo uma referência para implantar o comunismo, ou seja, como é na família que está a raiz da desigualdade, logo seria preciso “matá-la” por dentro. Lembrando que a Rússia (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS) foi o primeiro país a legalizar o aborto, flexibilizar o divórcio, implantar uma reforma educacional com o foco na desconstrução de autoridade e, por fim, enfraquecer a família. Isso mostra que as ideias comunistas e o cristianismo jamais podem andar juntos.

O conceito antropológico de construção histórica de família, usado no livro de Engels, nunca foi muito aceito, até pelos marxistas, mas a ideia da família patriarcal como opressora pegou.

Os movimentos feministas, que ganharam força no início do século XX, usaram essa tese para legitimar suas pautas.

Das três gerações das feministas, apenas a primeira tinha resquício de proteção da mulher e da ampliação dos seus direitos. Já nesta geração, mas principalmente nas outras duas, o foco era alterar as estruturas sociais, a identidade individual e, consequentemente, jogaram uma “granada” na alma da família clássica e cristã. As consequências são visíveis hoje.

A classe média, encharcada pelo mundo POP e produtos culturais de consumo, dizem que o comunismo e o socialismo acabaram.

De fato, esses modelos de governo se mostraram utópicos, ineficazes e pavimentaram tiranias e ditaduras. Contudo, um olhar atento e sem filtros ideológicos, percebe que o DNA do pensamento marxista impregnou nas camadas sociais; o espírito revolucionário e crítico, sem fundamentação (baseado na Escola de Frankfurt) está vivo; a dialética de uma classe contra a outra também: homem e mulher, negro e branco, hétero e homossexual, criança e adulto, policial e bandido, burguesia e operariado.

Todas essas características são potencializadas pelo universo cultural, que tem como atores principais a educação, a imprensa, o entretenimento (novelas, filmes, séries) e as manifestações artísticas.

O alvo de todo esse marxismo cultural é, por fim, acabar de vez com todos os valores da família.

O tema é complexo, com muitos outros ingredientes usados para jogar “gasolina” neste cenário.

O importante é entender que só existe uma maneira de frear essas transformações sociais e da identidade do indivíduo: preservarmos a nossa família e lutarmos para que o lar continue sendo a célula vital da sociedade.

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Thiago Lagares

Jornalista

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