Desinformação é a marca registrada da esquerda

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James O'Keefe, fundador e CEO do Project Veritas, amanheceu com vários agentes do FBI em sua casa. A alegação foi a mais estapafúrdia possível: roubo de um diário da filha do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Tal diário tem a sua existência confirmada por pouquíssimas pessoas, e dada a tentativa promovida pelo establishment de assassinar a reputação de O'Keefe, o caso mais parece uma retaliação politicamente motivada do que qualquer outra coisa.

Para quem compartilha da visão que as instituições americanas são dominadas por macartistas megalomaníacos, tal caso prova justamente o contrário. O aparelhamento dos instrumentos coercitivos pelos democratas é visível e absolutamente inegável.

O FBI não bateu na porta de O´Keefe por ir atrás de um diário com existência incerta. A motivação é outra: perseguição amparada por um factoide. O Project Veritas já revelou muita informação incômoda para a esquerda, e ela não perderia a oportunidade de enquadrar o responsável por isso. Não por acaso o mainstream aplaudiu efusivamente a ação contra o Project Veritas.

Perseguir e difamar alguém com base em uma história distorcida é a aplicação prática da desinformação. Desde que surgiu, a esquerda lança mão de tal artifício para conseguir seus objetivos, tentando agora se limpar na própria sujeira ao atribuí-la à direita.

Tanto a velha guarda comunista como os tarimbados da new left usam e abusam das técnicas de desinformação.

Em primeiro lugar, desinformação não é uma mentira grosseira. Isso seria má informação, visível aos olhos da cara. Desinformação é uma mentira elaborada contendo traços aparentemente verdadeiros com o objetivo de ludibriar setores como opinião pública, serviços secretos, governos e tutti quanti. Mudar a percepção geral a respeito de um líder político, regime ou mesmo ideologia também faz parte dos escopos da desinformação.

Os meios utilizados são aqueles que moldam o imaginário dos setores alvos dela, envolvendo uma gama que vai de documentos secretos até informações divulgadas na grande mídia.

A esquerda já utilizou a desinformação em inúmeras oportunidades, mas comento aqui três deles que são bastante sintomáticos – e cujas consequências são perceptíveis até hoje. Eles explicam como ninguém o potencial nocivo de tal prática, pois, como diria o ex-líder soviético Yuri Andropov, ela é como cocaína: se você a utiliza corriqueiramente, torna-se um homem novo.

Nos primórdios da União Soviética, algo ficou claro: o socialismo como modelo econômico era uma impossibilidade lógica. Ludwig Von Mises demonstrou isso de maneira definitiva. Foi então que Lênin bolou um plano astucioso, uma ideia engenhosa para passar a impressão que o regime comunista estava em uma franca liberalização econômica, política e tecnológica.

A Nova Política Econômica – do russo NEP – seria propagandeada como a prova inequívoca desse processo. Deu certo: a NEP foi bem recebida no Ocidente.

Governantes, investidores e estrategistas militares foram convencidos da abertura soviética ao sistema de livre iniciativa, e com isso transferiram capital financeiro e tecnológico ao regime comunista. Convencidos da boa fé de Lênin, eles engoliram facilmente uma campanha de desinformação bem sucedida.

A URSS reverteu um iminente colapso, despontou como superpotência e a nomenklatura do Partido Comunista conseguiu eliminar definitivamente a oposição czarista ao novo governo. A esquerda sempre utiliza outras campanhas de desinformação como a NEP para convencer os anticomunistas de que determinados líderes ou governos não são comunistas – exemplo maior é o Foro de São Paulo, organização fundada pelo ex-presidente Lula e por Fidel Castro com o objetivo confesso de ‘’recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu.

Outra amostra é o enquadramento do Papa Pio XII. Inicialmente empreendida pelo Kremlin através da imprensa oficial comunista, ela ganhou os livros com O Papa de Hitler, de John Cornwell. A obra basicamente afirmava que Pio XII foi um colaboracionista nazista e nada fez contra o Holocausto, até mesmo ajudando no genocídio dos judeus. Pois bem, como relata o livro Desinformação, de Ion Mihai Pacepa – o desertor de mais alta patente do bloco comunista –, John Cornwell falsificou algumas partes e mentiu a respeito dos documentos usados no livro. Ainda que provadamente falso, o livro continua sendo usado até hoje como referência na luta progressista contra a Igreja Católica.

Para finalizar, um exemplo ‘’nosso’’: a falsificação completa dos acontecimentos do fatídico ano de 1964. A esquerda vende a narrativa de que houve um golpe contra o então presidente João Goulart, e que a iniciativa partiu de um insatisfeito governo americano com as tais reformas de base. Tal versão dos acontecimentos foi consagrada pela historiografia oficial e pela grande mídia, moldando com eficácia incrível o imaginário nacional.

Pois bem, além de não existir prova alguma de envolvimento americano na queda de Jango, esta narrativa omite que (I) havia uma intensa atividade comunista no Brasil para implementar uma ditadura nos moldes cubanos, (II) Jango foi o meio encontrado pela esquerda para viabilizar tal objetivo, (III) o movimento que o colocou para fora da presidência foi liderado pela sociedade civil e (IV) nenhuma das tais reformas de base foi sequer mandada ao Congresso. Além, é claro, que as guerrilhas não surgiram como reação ao endurecimento do regime militar, pois elas já existiam antes mesmo da deposição de Jango.

A moral da esquerda é a moral revolucionária, na qual tudo é válido e permitido, desde que favorável à revolução. Roubar, chantagear e matar são práticas condenáveis, mas se for para o sucesso da causa, não tem problema. Com a mentira é a mesma coisa.

A esquerda sempre mentiu e irá fazer uso disso quantas vezes for necessário. Acusar a direita de algo que ela sempre fez é o bom e velho cinismo dos imorais revolucionários.

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Carlos Júnior

Jornalista

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