O Brasil não é um país sério – frase atribuída ao presidente francês Charles de Gaulle em 1962, mas que na realidade foi dita pelo embaixador brasileiro na França a época, Carlos Alves de Souza, após entrevista ao jornalista Luiz Edgar de Andrade, este encaminhando a entrevista do embaixador ao ‘Jornal do Brasil’ como dita pelo francês. Então ficou cunhada como de De Gaulle.
Eis o Brasil, de forma clara e sem subterfúgios, um país onde prospera o ‘deserto de ideias’, onde não existe a meritocracia, e pessoas esforçadas e honestas são obrigadas a se sentirem otárias e os ‘trouxas’ do momento. Se de um lado tenho que acender os faróis do carro em estradas, de outro as rodovias não ‘pedagiadas’ são cheias de buracos, e os políticos achando tudo normal.
Mas então perguntamos: onde está o dinheiro do IPVA? O gato comeu! A corrupção levou! E você contribuinte dançou! Assim é o nosso país nada sério.
E vemos que em Campo Grande que a prefeitura não pagou a empresa que ‘gerencia os radares’ a bagatela de 6 milhões de reais, por 11 meses. Normal? sim! Faça as contas e veja que a empresa recebe 550 mil reais por mês para multar os contribuintes, porém não sabemos o montante das multas que estes aparelhos retornam aos cofres públicos por mês. Na certa deve ser uns 10 milhões, senão é muita burrice manter este contrato. Mas o Brasil não é um país sério.
Então vamos a Vila Olímpica, qual serão acomodados os atletas nas Olimpíadas, já chegando as delegações internacionais, e nada funciona. Então o prefeito Eduardo Paes – aquele mesmo fanfarrão que debochava do sítio comprado por Lula e colocado em nome de laranjas – disse que a delegação da Austrália estava insatisfeita, mas que colocaria ‘cangurus na Vila Olímpica’. Deboche de um homem público, totalmente improcedente, que não faz jus ao cargo que ocupa, desrespeitando os visitantes convidados pela própria cidade do Rio de Janeiro, que se comprometeu em realizar os Jogos. Não é sério!
E olhamos os debates em Brasília, quando o deputado Marcherzan Junior (PSDB-RS) comentou que a Justiça do Trabalho sentenciou no ano passado 8 bilhões de créditos trabalhistas ao empregados, mas teve um gasto de 17,5 bilhões de reais. Ah, cuma? Isto mesmo! Ele deu a sugestão de extinguir a Justiça do Trabalho e distribuir os 8 bilhões de reais aos empregados, que sobrariam outra parte para aplicar em obras ou assistência educacional e saúde. Ironia do deputado, e uma visão imediatista de que os políticos não tem respostas para os reclamos das sociedades. Não é sério!
Então olhamos o país, onde o que sempre se fala é em cortar gastos, benefícios e garantias do povo, em troca de um futuro incerto, aumento de tributos, geralmente com ideias geridas por burocratas frios, calculistas e acomodados em bons salários, ou boas propinas de corrupção, enquanto o povo continua na mesma padecendo de novas ideias, novas gestões, e novo futuro. O que fazer? Os políticos adoram quem bate palmas para eles, detestam e odeiam opiniões ou críticas contrárias a sua “egolatria exacerbada”. Fazer o quê? Continuamos a viver no país sem seriedade e no deserto de ideias.
Em 2014 perdemos de comemorar os 100 anos de encontro da ferrovia Noroeste no distrito de Pedro Celestino. O governo à época estava ocupado demais em construir estradas que desmanchariam meses depois. Hoje estamos nos aproximando do ano da comemoração dos 40 anos da criação do Mato Grosso do Sul, e nada vemos, nada sentimos de novo e nenhuma proposta como serão os 40 anos futuro, pois o passado já sei o que ocorreu. Precisamos sair deste ‘deserto de ideias’ e avançarmos para o futuro, mas necessários homens corajosos e sem medo do futuro, senão, seremos sempre visto como quem não leva nada a sério e adora ser bajulado por tapinha nas costas e palmas para discursos bufões. MUDA BRASIL!!!
Sergio Maidana - advogado
da Redação