“A vida nada mais é que uma sombra que anda...um pobre ator que se pavoneia e se agita durante sua hora no palco e depois não é mais ouvido. É uma estória contada por um idiota cheia de som e fúria que nada significa. Nada”! (Macbet - William Shakespeare).
Sim, amigos, Renan Calheiros é o “Macbet brasileiro”!
Em “Macbeth”, William Shakespeare nos mostra os desvios intricados da personalidade humana. A avidez de poder e ambição desmedida são marcas inconfundíveis dessa peça teatral. Pelo palco desfilam ante nossos olhos os mais traiçoeiros personagens. O núcleo da história é a busca alucinada de Macbeth atraído pela coroa, pelo poder. É incitado por Lady Macbeth e decide matar o rei Duncan e usurpar o trono.
Realizado o feito, seu caráter perverso aflora e ele torna-se um déspota. Reina violentamente para manter o poder usurpado. Sua ambição desenfreada e tirania terminam em tragédia e ruina.
Tudo começa quando Macbeth recebe uma profecia de três bruxas de que um dia ele se tornará rei:
Primeira bruxa: Salve, Macbeth! Salve Chefe de Glamis!
Segunda bruxa: Salve, Macbeth! Salve, Chefe de Cawdor!
Terceira bruxa: Salve, Macbeth, que ainda há de ser rei!
A anunciação das bruxas é entendida como uma profecia. E a partir desse momento a ambição e a ganancia se instalam na alma de Macbet.
Renan, o “Macbet brasileiro”, também encontra três bruxas, ou melhor, três bruxos, três “seres superiores”. Os três profetizam que um dia ele será Presidente:
Primeiro bruxo: Salve, Macbet-Renan! Salve Chefe Relator da CPI!
Segundo bruxo: Salve, Macbet-Renan! Salve, o Chefe Inquisidor da Pátria!
Terceiro bruxo: Salve, Macbet-Renan, que ainda há de ser Presidente!
Assim como a alma de Macbet não descansou depois de receber o agouro, a alma de Renan entrou em rebuliço ao ouvir a profecia.
Em seguida Renan recebe a notícia de que “um dos seres superiores” instalou a CPI. Depois a notícia de que foi nomeado Relator. A profecia começava a se tornar realidade.
No papel de Relator-Inquisidor, Macbet-Renan, iniciou sua trama para depor o Presidente:
- Escreveu o Relatório Final antes da CPI ser iniciada;
- Criou um grupo de 7 senadores para aplaudi-lo e reverenciá-lo em todas as idiotices que arrazoasse e decisões que tomasse;
- Aproveitou a pandemia mortal criada por um vírus desconhecido da humanidade e da ciência para acusar o Presidente de culpa pelas mortes;
- Humilhou, mentiu, prendeu, obrigou testemunhas a dizer aquilo que lhe convinha e que estava de acordo com o relatório que escreveu.
- Cooptou todos os inimigos do Presidente para, juntos, realizarem aquilo que almejava;
- Um “Consórcio de Imprensa” foi inventado com o argumento de que era para divulgar dados da pandemia, mas o que se viu foi o apoio incondicional a Renan e a tentativa de transformá-lo de o “senador mais corrupto da República” no Senador mais “bonzinho, humano e humilde” que já surgiu no Brasil;
- A justiça virou a justiça de Macbet-Renan, com todos contribuindo para o bom andamento da profecia;
- Macbet-Renan inventou e repetiu até a exaustão, junto com jornalistas, que o SUS era e é o melhor sistema de saúde do mundo. Mas, os brasileiros sabem que se você tentar marcar uma consulta simples com um médico do SUS, ele lhe dará um prazo de, no mínimo, 3 meses para consulta. Nesse tempo, ou você morre ou a dor passa.
- Macbet-Renan e o “Consórcio de Imprensa” afirmam e reafirmam que o Presidente é contra tomar vacinas, contra o povo ser vacinado.
No entanto, a vacina aplicada no braço de Macbet-Renan e do G7, nos braços dos jornalistas, nos braços da população, foi comprada pelo Presidente e não por Macbet-Renan, pelos jornalistas, pelos prefeitos, pelos governadores, pelos Senadores, pelos Deputados, pelos Ministros do STF, pelo PT, pelos que perderam as eleições para o Presidente. Não. A vacina foi comprada pelo Presidente.
Todas as noites, para nunca esquecer, Macbet-Renan, revê a cena em que as bruxas-bruxos misturam num caldeirão fervente a porção mágica que o tornará Rei-Presidente.
Eis a fórmula da porção mágica:
“No caldeirão ferva e asse:
- Olho de lagartixa e dedo de rã; lanugem de morcego e língua de cão; bicúspide de víbora e ferrão de escorpião, perna de lagarto e asa de coruja. Para um feitiço de grande confusão: caldo do inferno ferva no caldeirão.
- Dobrem, dobrem, problema e confusão; o fogo queima e borbulha o caldeirão.
- Escama de dragão, dente de lobo, múmia de bruxa, bucho e goela de voraz tubarão marinho, raiz de cicuta cavada no escuro, fígado de judeu blasfemo, fel de bode e ramo de teixo fatiado no eclipse lunar; nariz de turco e lábios de tártaro, dedo de nenê estrangulado no parto e deixado na vala por uma puta, faz a papa ficar grossa e rija. Adicione as vísceras de um tigre para condimentar nosso caldeirão.
- Dobrem, dobrem, problema e confusão; O fogo queima e borbulha o caldeirão.
Bruxa e Bruxos finalizam o sortilégio:
"Resfrie com o sangue de um babuíno e então o feitiço estará bom e firme”.
A alma de Macbet-Renan saboreia essa poção mágica invocando os espíritos malignos para que eles o abarrotem de crueldade e, assim, o ajudem em sua ascensão e a tomar o poder sem hesitação.
Na peça de Shakespeare, Macbet, depois de matar o Rei Duncan, torna-se o novo rei e põe a culpa em seus filhos que fugiram para não serem mortos.
Na “Conspiração brasileira” um vírus desconhecido mata milhares de pessoas e Macbet-Renan põe a culpa, perfidamente, no Presidente.
Na peça de Shakespeare, Macbet tem ajuda da esposa, dos nobres, de vassalos, de criminosos para atingir seus objetivos.
Na “Conspiração brasileira”, Macbet-Renan tem ajuda da mídia, dos “seres superiores” dos tribunais, dos políticos, dos movimentos sociais, Ongs, “artistas” e de todos os que utilizavam os cofres públicos para se locupletarem.
Ao final da peça de Shakespeare, o povo, nobres e exército, enojados de tanta vilania, se revoltam contra Macbet.
Ele é degolado e sua cabeça com os olhos esbugalhados é exposta em praça pública.
A narrativa da “Grande Conspiração brasileira”, ainda não chegou ao seu final. Macbet- Renan ainda não sofreu qualquer pena, mas leu o Relatório onde pede o indiciamento do presidente por 9 crimes. Acusa, ainda, outras 65 pessoas de delinquências e 2 empresas, Precisa e VTCLog.
Macbet-Renan espera, ansiosamente, após todos esses atos, ser nomeado Rei-Presidente conforme a profecia das bruxas-bruxos.
Finalizo com a mesma frase que comecei o texto:
“ A vida nada mais é que uma sombra que anda...um pobre ator que se pavoneia e se agita durante sua hora no palco e depois não é mais ouvido. É uma estória contada por um idiota cheia de som e fúria que nada significa. Nada”! (Macbet - William Shakespeare).
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)