A CPI ouve Nelson Rodrigues e acerta uma vez: a unanimidade é burra
17/10/2021 às 05:55 Ler na área do assinantePor incrível que pareça ainda rola uma CPIzinha da COVID lá no Senado Federal, apurando supostas irregularidades governamentais praticados no combate à pandemia. Chegou ao ridículo de um suposto crime de genocídio pelo Presidente da República. É! É isso mesmo, genocídio! Fiquem à vontade. O riso é de graça.
Saiu nas redes sociais, em uma delas, no jornal O Estado de S.Paulo, que o presidente da referida CPI, Omar Aziz, criticou o relator da comissão, Renan Calheiros, por estar vazando o conteúdo de seu relatório à imprensa. Além disso, ele afirmou que não existe consenso na oposição a Jair Bolsonaro sobre os crimes que deveriam ser imputados ao presidente da República.
Disse Omar:
“Eu acho deselegante estar vazando. Acho que faltou respeito, pelo menos ao G7” (grupo de senadores opositores ao presidente).
Prosseguindo, afirmou ainda Aziz:
“Eu não acho que tenha genocídio, tem de se provar isso” – um dos 11 crimes listados por Calheiros é o “genocídio de indígenas”. Aziz ainda afirmou que “não presidi uma CPI seis meses para chegar o relatório e achar que o fígado vai me vencer (...) Ninguém vai votar absolutamente nada com estômago aqui não”.
A referida CPI parece estar chegando ao seu fim, finalmente. O relatório oficial e público deve ir na segunda-feira, dia 18. Calheiros deve lê-lo no dia seguinte. A votação será na quarta-feira, dia 20. De um jeito ou de outro, haverá risadas.
O crime de genocídio é um crime contra a humanidade. Ele designava um governo e sua política de eliminação em massa de grupos étnicos, religiosos, econômicos ou políticos.
De acordo com o dicionário de Antonio Carlos do Amaral Azevedo:
A história tem registrado grande quantidade de genocídios, que vão das conquistas territoriais à xenofobia ou ao racismo, da perseguição aos cristãos durante o império romano à Guerra dos Trinta Anos, do massacre dos huguenotes na noite de São Bartolomeu, dos massacre dos armênios pelos turcos em meados da década de 1910 a 1920, à “solução final” nazista para os judeus, durante a segunda guerra mundial (v. Guerras Mundiais).
O termo genocídio não deve ser ideologizado ou politizado, como querem os cultores da idiotice e da banalidade.
E tem mais.
A revista IstoÉ publicou na capa da edição desta semana um Bolsonaro caricaturado de Hitler.
Mais uma, então, para compor a unanimidade.
Então, tem mais do Nelson:
“Não há nada mais impessoal do que o idiota e nada mais idiota do que a unanimidade. Na hora do protesto, da ira, todos providenciam uma urgente unanimidade.”.
A unanimidade é burra, como disse Nelson Rodrigues, mas a humanidade não merece tanta desinteligência.
Sergio Mello. Defensor Público em Santa Catarina.