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16/09/2021 às 09:48 Ler na área do assinante

O saldo tangível da memorável jornada do 7 de setembro ainda permanece como uma enigmática incógnita na equação política de momento.

Afinal, a Nota Presidencial do dia 9 seguinte representa, em realidade, uma capitulação do Chefe de Governo ao “sistema” que lhe é antagônico (o que comprovaria a sua fragilidade) ou um acordo efetivo de ajuste de conduta entre os vários Poderes, com a eliminação do arbítrio, da censura e do ativismo judicial e a aprovação de matérias legislativas pendentes de interesse do Governo (o que denotaria vitória estratégica de Bolsonaro com base na força das ruas)?

Não há, ainda, sinais evidentes do desenlace do imbróglio, cuja solução tende a ser esclarecida apenas com o passar do tempo.

Não são as narrativas – há várias (e contraditórias!) – que lastreiam a verdade dos fatos (e seus bastidores), mas os fatos que confirmam (ou não) as propaladas narrativas.

Há, portanto, que se aguardar!

Em princípio, na confirmação da ausência efetiva do acordo, os adversários do Presidente tenderão a esperar a poeira sentar para retomar, com a contundência de costume, num contexto menos inflamado que antanho, os ataques frontais em mira da derrocada definitiva do “capitão”, seja pela insistência no processo de impeachment, calcado no relatório da CPI, seja por iniciativa do TSE (anulação da vitória de 2018) ou, mesmo, em consequência do desgaste da imagem do “mito”, decorrente da frustração generalizada quanto aos resultados concretos do 7 de setembro – com provável inibição (ou esvaziamento) de mobilizações futuras, por perda do crédito presidencial.

Em caso contrário, uma vez comprovado, pelos fatos, que o acordo se consumou pragmaticamente (e a despeito das fabulações reversas), Bolsonaro sairá fortalecido do episódio e poderá recuperar parte do apoio provavelmente extraviado ante o desapontamento provocado por seu “recuo” epistolar – consolidando, em consequência, a sua candidatura para 2022.

Os primeiros sintomas que emergem na tessitura do cenário político pós 7 de setembro parecem apontar, por ora, indícios desfavoráveis ao Presidente.

Negociações, contudo, continuam a tramitar, extraoficialmente, nas frenéticas coxias do poder, prenunciando possíveis surpresas à plateia dos expectadores de plantão.

Fato é que não se pode mobilizar uma sociedade, como ocorreu no 7 de setembro (e mesmo antes, com as contínuas passeatas, motociatas, etc.), em vão, desabonando-se, por posterior e inesperada retração, toda a energia investida. Ou dos eventos se colhe dividendos em favor de seus promotores e apoiadores devotos, ou se perde, em definitivo, por decepção ocasionada, o prévio aval popular e o protagonismo da cena.

Eis o “x” da questão!

Trata-se, o 7 de setembro – com seus desdobramentos e dimensões simbólicas envolvidas –, de um divisor de águas (antes e depois), cuja inflexão não permite dubiedades ou irresolução.

Ou Bolsonaro cresce, ainda mais, em prestígio perante a massa da população (pelas conquistas auferidas com o gesto), ou declina vertiginosamente em popularidade (por conta do mesmo ato), estacionando, a exemplo da horda lulopetista, em não mais que 30% de adeptos – com tendência inelástica.

É nisto que apostam os defensores da “terceira via”. Desgastados Lula e Bolsonaro, sobraria uma faixa equivalente de 30% de eleitores potenciais (incluídos os segmentos desapontados com o Presidente), passíveis de atração para outra alternativa sucessória – a depender do candidato escolhido.

Política, em realidade, é isso: um jogo permanente e imprevisível entre circunstância e vontade, contingência e talento, “fortuna” e “virtú” – como já dissera Nicolau Maquiavel (O Príncipe) desde os albores do século XVI.

Nada, portanto, está definido para 2022. Tudo, até lá, ainda pode vir a acontecer. Do presumível ao inusitado. Do previsível ao intempestivo. Mas serão os fatos, e não as narrativas, que calibrarão, na reta final da “guerra”, a preferência majoritária do comovido e saturado eleitorado brasileiro.

O tempo se esgota. Os lances se descortinam. Mas as cartas estão lançadas.

Alex Fiúza de Mello. Professor Titular (aposentado) de Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciência Política (UFMG) e Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), com Pós-doutorado em Paris (EHESS) e em Madrid (Cátedra UNESCO/Universidade Politécnica). Reitor da UFPA (2001-2009), membro do Conselho Nacional de Educação (2004-2008) e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (2011-2018).

Quebraram as nossas pernas!

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O TSE, por sua vez, determinou a desmonetização do JCO. Uma decisão sem fundamento, sem qualquer intimação e sem o devido processo legal. Quebraram nossas pernas!

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